Ao som da orquestra, sob a luz de velas

Conjunto de Câmara da Estônia encanta o público em Petrópolis

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

Museu Imperial. No Festival de Petrópolis, peças de Mozart, Tchaikovsky, Mendelssohn, Grieg

 

 

 

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"A gente lê nos livros, vê nos filmes, mas viver isso aqui é diferente", deslumbrava-se Ramon Theobald, menino de 17 anos, pouco antes de começar sua viagem no tempo. O passaporte era a entrada para o concerto da Orquestra de Câmara de Tallinn, da Estônia, convidada pelo Festival de Inverno de Petrópolis a tocar sob luz de velas, quinta-feira à noite, repertório que incluía Mozart, Tchaikovsky, Mendelssohn, Grieg e o compositor estoniano Arvo Pärt.

 

Integrante do coro de canarinhos de Petrópolis, Ramon está longe de ser neófito - estuda piano desde os 11 anos e frequenta o festival há 5. O que o encantou desta vez foi a atmosfera do concerto: os músicos iluminados pelas velas, abrigados numa das salas do prédio histórico do Museu Imperial, antigo Palácio de Verão de d. Pedro II.

O evento é realizado há dez anos pela Dell"Arte, que programa concertos com iluminação com velas em candelabros justamente para dar ao público a sensação de estar sendo transportado à época dos autores apresentados. O cenário é a Sala da Batalha, assim chamada porque em sua parede principal fica o quadro A Batalha de Campo Grande, do pintor do século 19 Pedro Américo.

 

Oito spots de luz artificial ficam acesos sobre a área dos músicos, para que eles possam acompanhar as partituras. "Não sabia que seria à luz de velas. É um pouco difícil ler, mas é muito bonito. Fiquei fascinada por este lugar", contou, pouco antes da apresentação, a violinista Marie Helen Rannat, que, mesmo vinda de um país de inverno rigorosíssimo, sentiu o friozinho da Serra Fluminense na pele. "Vim ao Brasil, então só trouxe roupas de verão!"

A orquestra (em formação reduzida, com sete violinos, dois cellos e um contrabaixo) está em sua primeira turnê pela América do Sul. A Sala da Batalha, de 160 lugares, ficou com mais da metade de suas cadeiras ocupadas.

O público foi conquistado pelas lindas melodias de Tchaikovsky, porção mais aplaudida da apresentação. "Foi deslumbrante. Tudo que vejo aqui vale a viagem", derramou-se a dona de casa Amélia Teixeira, que mora em Itaipava, distrito de Petrópolis, e todo ano monta a agenda de inverno com as amigas levando em conta o festival.

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O evento começou dia 25, com As Quatro Estações, de Vivaldi, na catedral da cidade, lotada. "Foi de chorar", comentou Ronaldo Latsch, da Sociedade Artística Villa-Lobos, habitué. Até o dia 18, virão outras atrações, como o jovem russo Dmitry Smirnov, sensação do violino, e a harpista brasileira Cristina Braga. Ambos tocarão na Sala da Batalha.

A Serra é movimentada também pelo 9ª Festival de Inverno Sesc Rio, que vai do dia 13 a 1º de agosto, e terá shows de Ney Matogrosso, Adriana Calcanhotto, Hermeto Paschoal, Dominguinhos e outros, além de peças teatrais, dança, exibições de filmes, encontros literários e exposições. Participam as cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Programação completa no site www.sescrio.org.br.

 

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