$odoma & Gomorra (como grafado pelo autor) é o nome sugestivo da peça ainda inédita, escrita por Antunes Filho (1929-2019) em meados dos anos 90 – e que pode chegar ao palco ainda este ano. Um grupo de artistas vem articulando a montagem há seis meses e, desde segunda-feira, começou uma ação na internet para sensibilizar possíveis financiadores como Sesc e Secretaria Municipal de Cultura. Com direção de Luiz Päetow, ex-integrante do grupo de Antunes, a peça traz um olhar revisionista sobre a Bíblia a partir das relações humanas.
CORO FORA DE ‘$ODOMA’
O elenco de 15 artistas traz nomes importantes do teatro nacional, como os de Matheus Nachtergaele, cujo personagem é o fio condutor da trama, Cacá Carvalho e Grace Passô, além de vários atores e atrizes como Fabiana Gugli, Rodrigo Bolzan, Elisa Ohtake, alguns com passagens pelo CPT do Sesc. “A ideia é montarmos a peça como concebida originalmente por Antunes”, conta Päetow. “A única questão é que havia a participação de um coro, mas decidi tirá-lo, depois de uma conversa, na ocasião, com ele.” Päetow exibe orgulhoso o texto original encadernado com o recado de Antunes na capa: “Päetow, só você consegue encenar esta peça. Eu te amo!, Antunes Filho”.
MOBILIDADE EM CENA
Aquela Cia, do Rio de Janeiro, chega este mês para a abertura de processo no fim do mês, com a participação do público, de seu novo trabalho, Plataforma 8, que será apresentado no Sesc Avenida Paulista. São várias etapas, de ensaios abertos a discussões de textos como o de João das Neves, O Último Carro ou as 14 Estações, montado pelo Grupo Opinião, anos 70. Aquela Cia é conhecida pela Trilogia da Cidade (Cara de Cavalo, Caranguejo Overdrive e Guanabara Canibal).
A GILHOTINA CANTA
Se por aqui a jurupoca pia em Lisboa, hoje, a guilhotina vai cantar. E o pescoço em questão é o de Georges Jacques Danton, o revolucionário francês na peça do dramaturgo alemão Georg Büchner. A montagem de A Morte de Danton (à esq.) estreia hoje no Teatro D. Maria II, em Lisboa. Tenta trazer respostas para duas perguntas angustiantes na ótica do diretor Nuno Cardoso: “Até quando continuará a humanidade a devorar o seu próprio corpo?” e “Este relógio não tem descanso?”. É também um bom momento para revisitar os ideários da Revolução Francesa numa época em que direitos fundamentais no que diz respeito a liberdades individuais são questionados.
3 perguntas para: Fernando Alves Pinto - Ator, seria psicanalista
1. Por que teatro?
Por ser a arte mais viva e mais efêmera, por isso mesmo preciosa e importante.
2. Com qual personagem de teatro se parece?
Todos! Prazer na esquizofrenia!
3. Frase arrebatadora?
“Ai que preguiça”, em Macunaíma, de Mário de Andrade.