Anelis Assumpção faz show do 1º álbum solo em SP

Cantora trilha caminhos próprios sobre referências parternas em disco de estreia

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Por Lauro Lisboa Garcia - O Estado de S. Paulo
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É sintomático que o primeiro álbum solo de Anelis Assumpção abra os caminhos com um facho de luz de seu pai, Itamar Assumpção (1949-2003). Tem até uma história de que ele dizia que iria produzir o primeiro disco da filha. Não deu tempo, mas suas influências estão presentes não apenas na sensacional faixa inédita de abertura, "Mulher Segundo Meu Pai", com sample do próprio autor. Até o título tem a cara dele: "Sou Suspeita. Estou Sujeita. Não Sou Santa" (Scubidu Records). Outra das melhores faixas tem citação de poema de Paulo Leminski (1944-1989), parceiro histórico de Itamar.Porém, é claro que Anelis trilha caminhos próprios sobre essas referências paternas. Hoje ela faz show de lançamento no Sesc Pinheiros com participação de quatro dos diversos convidados do disco - Alzira E, Bocato, Thalma de Freitas e Céu - que também têm a ver com o tipo de música que produz. O álbum (lançado em CD e vinil), produzido por ela e Zé Nirgo, é dedicado ao pai e à filha Rubi, que aparece na vinheta final, também conta com Curumin, Beto Villares, Daniel Ganjaman, Gustavo Ruiz, Simone Sou, Lelena Anhaia, Gero Camilo, Karina Buhr.Ou seja, une gerações de gente atuante na linha de frente da música produzida em São Paulo. Para ela, a intenção de ter esse pessoal todo era "demonstrar admiração, respeito, integrar". "Meu pai abrir o disco é um gesto de respeito, gratidão. Minha filha encerrar é um gesto de compreensão dos ciclos. É um jeito de perceber como o que se desfaz é a matéria - essa muda, morre. A música vive, de um jeito ou de outro."Itamar costumava dizer que ela deveria fazer um disco e quando estivesse pronta ele produziria. "Isso sempre num tom informal, quase que de brincadeira. Eu tinha 17 anos e começado naquele instante a me envolver com música", lembra Anelis, que esteve envolvida com a irmã Serena (outra da família presente no disco) no lançamento de toda a obra de Itamar na fabulosa "Caixa Preta", em 2010."Recebemos os direitos autorais como herdeiras pelo licenciamento da obra para o Selo Sesc, e acabei usando esse dinheiro para produzir meu disco. Por isso contei essa história. Acho curioso, como 8 anos depois de ter falecido, meu pai me ajudou a produzir meu disco. A fantasia é minha, a história tem se desdobrado de forma engraçada, mas foi só isso." Ex-integrante do grupo DonaZica (com Iara Rennó e Andreia Dias), Anelis é a última do trio e também dos expoentes de sua geração a lançar trabalho solo. Anelis Assumpção - Sesc Pinheiros - Teatro Paulo Autran (Rua Paes Leme, 195). Tel. (011) 3095-9400. Hoje, às 21 horas. R$ 24, R$ 12 e R$ 6.

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