PUBLICIDADE

ANÁLISE-Indústria da música precisa abraçar Internet

Por KATE HOLTON
Atualização:

A indústria da música precisa aprender com o "lado negro da Internet" que dizimou seus negócios se quiser reconquistar algum dia poder sobre a pirataria. Em uma reunião anual do setor no sul da França, executivos revelaram um sentimento otimista pela primeira vez em anos, depois de terem acertado parcerias de varejo com empresas como Nokia, Amazon e MySpace. Mas muitos críticos da indústria da música afirmam que os executivos do setor precisam abandonar da idéia de terem mais controle e deveriam adotar até mesmo algumas idéias dos piratas, pessoas que criaram serviços de download ilegal de música que estão sendo combatidos pelas grandes gravadoras. Depois de muitos anos tentando proteger seu conteúdo e processando qualquer um que fizesse download ilegal, a indústria caminhou para acertar parcerias com sites de varejo depois que suas vendas despencaram. Em 2008, cerca de 95 por cento da música baixada da Internet, ou mais de 40 bilhões de arquivos, era ilegal, deixando o mercado geral sofrendo uma queda de cerca de 7 por cento sobre 2007. Michael Robertson, diretor do MP3Tunes que teve de falar no encontro via um link de vídeo porque ainda enfrenta processos nos Estados Unidos por violação de direitos autorais, pediu para a indústria ir em frente e permitir mais experimentos com sua música. "Quando você processa nova tecnologia, você perde oportunidade de canalizar isso para uma direção positiva", disse Robertson. "Existe inovação acontecendo, mas está vindo do lado negro da Internet, dos piratas, do submundo. E isso está mostrando para onde a indústria vai." "Você tem que olhar no submundo para ver o que as pessoas estão fazendo e então dar a elas versões comerciais que espelhem isso", afirmou. Consumidores somente deixarão serviços ilegais para legalizados se a oferta for melhor e mais fácil de usar, dizem os críticos. CHOQUE DE CULTURA Um dos mais duros críticos na reunião em Cannes foi David Eun, do Google, proprietário do site de vídeos YouTube. "Ser parceiro significa que você tem que trabalhar em conjunto... e não necessariamente presumir que a outra pessoa está tentando te prejudicar", disse ele durante a reunião. "A questão que proponho a vocês e a qualquer um na indústria é quanta inovação haverá na indústria da música e quanto mais dela haverá mais adiante." Mais recentemente, o YouTube se envolveu em uma disputa com o Warner Music Group, que forçou o site de compartilhamento de vídeos a retirar todos os clipes de artistas da gravadora depois de fracasso em negociações de contrato. A indústria, em sua defesa, afirma que a exigência de pagamento de sinal por novos serviços interessados em licenciar conteúdo é sua maneira de estabelecer se um eventual novo serviço é sério e legítimo. A presença de novos serviços de música no evento criou otimismo no setor, com o co-presidente-executivo da RIM, Jim Balsillie, prevendo que a indústria da música será irreconhecível dentro de alguns anos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.