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Ana Michaelis expõe sua arte velada

Em mostra na galeria Mônica Filgueiras, a artista reúne pinturas em que o traço aparece distante, encoberto por várias camadas de tinta acrílica opaca

Por Agencia Estado
Atualização:

Velar com várias camadas de tinta acrílica branca desenhos transpostos para as telas a partir de uma referência fotográfica - imagens captadas pela própria artista, fotografias selecionadas de revistas ou de um arquivo familiar. Basicamente esse é o processo de pintura de Ana Michaelis, que mostra seu recente trabalho em exposição montada, até o dia 10 de agosto, na Mônica Filgueiras Galeria de Arte, em São Paulo. Uma tinta acrílica opaca, branca, é passada três vezes por cima de um desenho na tela que pode ser uma árvore, uma ponte ou uma família reunida. As pinturas tomam um aspecto de sombras brancas, silhuetas brancas, que o espectador só reconhecerá depois de algum tempo de observação. "Essas camadas são para distanciar a imagem, torná-las memória", diz Ana Michaelis. Como a artista explica, essa sua idéia não funcionaria se as obras fossem silhuetas em preto-e-branco. Para ela interessa que os espectadores forcem o olho, identifiquem seus desenhos fotográficos que, como ressalta, não são cópias. "Em um primeiro momento, muitas pessoas acham que a tela é totalmente branca. Só depois reconhecem seus elementos", completa. Primeiro ela desenha com a tinta preta que, como descobriu por intermédio de amigos que trabalham em gráficas, essa cor possui uma porcentagem bem sutil de azul, outro aspecto que pode ser percebido pelo público mais atento. Um de seus temas preferidos é a paisagem, mais ainda as árvores que aparecem nas pinturas como formas solitárias, algumas ao vento. Ricardo Resende, membro da curadoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), foi o responsável pelo texto do catálogo da exposição, em que, em uma de suas passagens, escreve que "as paisagens de Ana são, ao mesmo tempo, a paisagem recortada e a paisagem da memória" ou ainda, a "paisagem desolada". Além de esconder os elementos com tinta branca, outro recurso utilizado por Ana Michaelis é o uso de tijolos de vidro sobre algumas das telas feitas com tinta a óleo. Imagem Distorcida é o título dessa série que tem como tema de fundo rostos de crianças que, agora, não foram tiradas de nenhuma referência fotográfica. "Nesse trabalho, não há a questão da memória, mas um modo de camuflar o que está atrás", diz. Para Ana, é uma série de pinturas que, entanto, é nomeada como série de objetos por causa do uso do vidro. A relação de Imagem Distorcida com a série de pinturas veladas pelo branco está no fato de esses vidros serem opacos e cada tijolo ser composto por duas paredes, logo, oferecem duas camadas de distorção. "As pessoas nunca vão ver a imagem como realmente pintei", afirma a artista. Ana Michaelis. De segunda a sexta, das 11 às 19 horas; sábado, das 11 às 14 horas. Mônica Filgueiras Galeria de Arte. Alameda Ministro Rocha Azevedo, 927, em São Paulo, tel. (11) 3082-5292. Até 10/8.

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