Ana Maria Machado toma posse na ABL

Enquanto isso, nos bastidores da ABL, arma-se um embate de conotações política em torno da vaga que pertenceu a Roberto Marinho

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Academia Brasileira de Letras (ABL) faz festa hoje para empossar a escritora Ana Maria Machado na vaga que foi do jurista Evandro Lins e Silva. Ela venceu a arqueóloga Maria Beltrão e o filósofo Fábio Konder Comparato em abril desse ano. Considerou entrada da Academia uma vitória da literatura infantil e a correção de uma injustiça com o escritor Monteiro Lobato, para quem a Casa de Machado de Assis nunca abriu suas portas. "Mas não escrevo exclusivamente para crianças, pois tenho sete livros ensaios e romance para adulto", disse Ana Maria ao ser eleita. Hoje ela também vai saudar Evandro Lins e Silva, com quem teve uma relação afetiva, já que ele era amigo de seu pai, o jornalista Mário Martins. Enquanto isso, nos bastidores da ABL, arma-se um embate de conotações políticas. A eleição para substituir o jornalista e empresário Roberto Marinho na cadeira 39 só acontece em 18 de dezembro, mas já tem nove candidatos, três dos quais representam posições à direita, ao centro e à esquerda: o senador Marco Maciel (PFL-PE), o escritor e jornalista Fernando Moraes (que é do PMDB e foi candidato a governador de São Paulo no ano passado) e a deputada estadual Heloneida Studart (PT). Como as inscrições vão até meados de setembro, podem surgir mais candidatos, mas dificilmente essa polarização será quebrada. Marco Maciel, até agora, é considerado imbatível, porque jamais perdeu uma eleição, desde os pleitos dos diretórios estudantis da Universidade Federal de Pernambuco, onde estudou e da qual é professor concursado, a vice-presidente de Fernando Henrique Cardoso. Mas o jornalista Fernando Moraes conta com 10 votos, no cálculo de acadêmicos experientes, embora jure que se candidatou sem saber da pretensão de Maciel. Heloneida, romancista além da política e do ativismo feminista, compete em protesto. Ela se inscreveu ao saber do favoritismo de Maciel, embora garanta que a questão não é político-partidária. "O problema não é ser de esquerda ou direita, mas ter uma obra. O Roberto Campos era conservador, mas também bom escritor e Roberto Marinho se inclui nesse caso", esclarece a deputada. "Nunca tive pretensão à Academia, mas quase todos os deputados do Estado do Rio fizeram um abaixo assinado pedindo minha candidatura."

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