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"Amores Possíveis" também sai em livro

Livro com o roteiro do filme Amores Possíveis, assinado por Paulo Halm, é lançado com depoimentos dos atores sobre seus personagens e sobre as várias possibilidades de uma mesma história

Por Agencia Estado
Atualização:

São tantas possibilidades - na entrevista que deu para o livro Amores Possíveis, com o roteiro de Paulo Halm (Editora Objetiva), Beth Goulart propõe uma alternativa interessante. E se Julia tivesse ido ao encontro de Carlos no cinema e se casasse com ele, será que ela seria a Maria que a própria Beth interpreta no filme de Sandra Werneck? Para Sandra, o desafio desse filme era encontrar uma nova maneira de armar/narrar as histórias. Embora ela diga que todas as histórias já foram contadas, a segunda de Amores Possíveis, em que Carlos abandona Júlia para viver com Pedro, não é exatamente o tipo de história que você vê todo dia no cinema, teatro ou televisão. Mas foi a que mais atraiu Carolina Ferraz, por exemplo. Ela foi a primeira a ser chamada por Sandra Werneck, que imaginava Marcos Palmeira no papel de Carlos. Quando Palmeira desistiu, Sandra chamou Murilo Benício, marido de Carolina. Os dois convenceram a diretora a filmar na seqüência. Primeiro uma história, paravam uma semana, depois a outra. "Sandra foi muito generosa e concordou com a gente que isso ajudaria a tornar nosso trabalho mais rico", diz Carolina. A segunda história provocou-lhe amor à primeira vista. Júlia, trocada pelo marido por um gay, vira uma mulher rancorosa. "Foi a minha paixão desde o começo", ela conta. "Sou atraída por cicatrizes, sabe?" Carolina, que também está na novela das 6, Estrela-Guia, tem, com Amores Possíveis, seu primeiro papel de protagonista no cinema. Já fez um pequeno papel com Carlos Reichenbach. Acha-o fantástico, uma pessoa de grande cultura e inteligência. Faz uma observação que pode parecer surpreendente sobre Sandra. "Ela instaura o caos criativo no set." Sandra é democrática, gosta de ouvir todo mundo e, às vezes, isso entrava o processo. Nem por isso Carolina ousaria dizer que não foi uma grande experiência. "Foi mesmo", conta. Sua fama é de arrogante, antipática. É assim que setores da imprensa a tratam. Por que? "Me diga você o porquê", responde, com outra interrogação. Arrisca algumas interpretações. "Defendo muito a minha vida privada, sou franca e dou respostas que muitas vezes não agradam." Mas queixa-se do que considera preconceito, como se ela, por ser linda (não diz isso, claro), não pudesse ser também competente em tudo que faz. Cita um caso em que suas palavras foram distorcidas na imprensa. Acusaram-na uma vez de ser patronal e racista, contrária a que as domésticas usassem o elevador social dos edifícios. "Imagina logo eu, mulher, de classe média, sul-americana, atriz, tenho tudo para ser minoria, como poderia fazer uma coisa dessas?" Gostaria de fazer mais cinema, "o sonho de todo ator". Tenta agora uma experiência diferente. Está escrevendo o roteiro da adaptação que Benício vai dirigir da peça O Beijo no Asfalto, de Nélson Rodrigues. Nem ele nem ela vão estar no elenco. No filme, atores ensaiam a peça famosa e Benício, a partir daí, recria o diálogo entre cinema e teatro que Louis Malle tentou em Tio Vânia em Nova York e Al Pacino em Ricardo III. A idéia das diferentes alternativas, do que poderia ocorrer se... , é uma coisa que arrebata Carolina. Ela conta que em tudo que é decisão, tenta sempre pensar nas conseqüências de qualquer rumo a tomar. Benício e Emílio de Mello, que faz o Pedro, também se amarraram na gama de possibilidades. De Mello, que estuda teatro na França, conta que tentou fugir à tentação de criar três personagens diferentes. Benício diz a mesma coisa - tentou fazer Carlos nas três histórias como se fossem diferentes possibilidades do mesmo personagem. E adorou fazer comédia. Acha que Amores Possíveis o libera do rótulo de ator dramático. É um ator, capaz de fazer rir e chorar, e isso é o que quer.

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