Americano vem fotografar multidão nua

Duzentas pessoas já se inscreveram para se despir diante das lentes de Spencer Tunick em São Paulo no dia 27 , em performance patrocinada pela Bienal

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Por Agencia Estado
Atualização:

O fotógrafo norte-americano Spencer Tunick pode dizer que já fez milhares de pessoas dos quatro cantos do mundo tirarem a roupa só para ele. E não precisou se desdobrar em argumentos para alcançar esta proeza. Na verdade, centenas de pessoas se inscrevem espontaneamente para se despir para Tunick, por todos os lugares onde ele passa - moradores de Roma, Nova York, Viena, Lisboa, Montreal e de várias outras cidades do mundo já ficaram peladas para ele. Em São Paulo, 200 pessoas já se candidataram para ser fotografadas nuas por Tunick, no sábado, dia 27, na marquise do Parque Ibirapuera. A foto será feita às 5 da manhã, faça chuva ou faça sol. Tudo isso pela arte. A exemplo do que ocorreu no último dia 6 em Buenos Aires - onde 450 pessoas se reuniram para posar nuas para uma foto - a capital paulista receberá o fotógrafo norte-americano Spencer Tunick, que desde 1992 dedica-se a fotografar pessoas e multidões sem roupa. Ao todo, ele já clicou mais de 150 grupos e 200 pessoas - todo mundo nu. A modalidade de nu artístico praticada pelo fotógrafo apresenta um diferencial - e é por isso que quem posa nu para ele não pede cachê milionário e ganha, em troca da pose, somente uma cópia da fotografia. Com estilo inconfundível, ele organiza os aglomerados humanos como esculturas, alcançando um resultado impressionante em algumas fotos. "Sou fascinado - quase obcecado - pelo corpo humano. Registrar a sexualidade coletiva e toda energia positiva que ela transmite, é uma nova experiência artística", entusiasmou-se, ao explicar seu trabalho em conversa por telefone. "Acredito que minhas fotos conseguem retratar o período e o meio em que vivemos." Dirigir uma foto com algumas centenas de pessoas não é problema para Spencer Tunick. "Não tenho um método para organizar as pessoas, mas gosto de misturar as pessoas de todos os tipos: secretárias, advogados, médicos... É interessante que seja um grupo bem eclético, com pessoas de vários níveis sociais." Sobre a recente experiência em Buenos Aires, ele disse que ficou surpreso com o nível de colaboração dos participantes. "Foi inacreditável. As pessoas foram tão generosas que eu até fiquei emocionado." No Brasil, ele conta com a colaboração da imprensa para reunir o maior número de pessoas possível. "A divulgação da imprensa argentina ajudou muito para atrair tanta gente. Espero que essa reportagem também sirva para levar ainda mais pessoas ao Ibirapuera." Segundo ele, o temperamento latino é outro fator determinante que pode contribuir para o seu trabalho. "Acho que é por causa do clima, mas os sul-americanos convivem melhor com seus corpos e essa é a grande diferença em relação aos povos de outras regiões". O fotógrafo acredita que o número de inscritos para a performance em São Paulo venha a crescer muito com a proximidade do evento. Quem quiser participar, deve enviar um e-mail para o endereço bienal.spencert@uol.com.br e ter no mínimo 21 anos. "Estou ansioso em fotografar os paulistanos. Tenho a impressão de que São Paulo é uma cidade do futuro". A reportagem conversou com quatro pessoas - três homens e uma mulher - que já se inscreveram para a performance e vão estar entre os mais de 200 pelados no Ibirapuera. Mesmo usando argumentos diferentes, todos eles garantem que vão tirar a roupa pela arte.

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