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Alemanha lembra os 50 anos sem Thomas Mann

Prêmio Nobel de Literatura em 1929 e autor da obra-prima A Montanha Mágica, Mann foi descrito como "o mais alemão dos alemães"

Por Agencia Estado
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A Alemanha celebra nesta sexta-feira o 50º aniversário da morte de um de seus maiores escritores alemães, Thomas Mann, Prêmio Nobel de Literatura em 1929 e autor da obra-prima A Montanha Mágica. Thomas Mann é "o mais alemão dos alemães", disse o crítico literário Marcel Reich-Ranicki. "Todo mundo sempre sabe algo sobre ele", afirmou Rupert Wimmer, presidente da Sociedade literária Thomas Mann. Gerações de estudantes se debruçaram sobre suas obras e a televisão produziu uma ficção em três capítulos sobre ele e sua família. A cada ano, um prêmio que leva seu nome é concedido a um escritor alemão. O destino trágico desta família extraordinária fascina os alemães. No ano passado, uma biografia de sua mulher, Katia, Frau Thomas Mann (Senhora Thomas Mann, em tradução livre), entrou para a lista dos livros mais vendidos de 2004. As relações de Thomas Mann com seu país natal - ele nasceu no dia 6 de junho de 1875 - eram bastante ambíguas. Em 1936, ele perdeu sua nacionalidade alemã. Três anos antes, em Berlim, seus livros haviam sido queimados em praça pública. Este acontecimento ocorreu no mesmo ano, 1933, em que Hitler assumiu o poder na Alemanha, concretizando um perigo para o qual Mann já havia chamado a atenção em 1930. Num vibrante "apelo à razão", o escritor incitou a burguesia e a classe operária a formarem uma frente unida contra os nazistas. "Falo de nossa vergonha. A Alemanha inteira, o espírito alemão, o pensamento alemão, a palavra alemã são atingidos por essa desonra", escreveu ele após a guerra, antes de publicar em 1947 seu romance Doutor Fausto, sobre a cegueira de seus conterrâneos. Até sua morte, no dia 12 de agosto de 1955, Thomas Mann recusou-se a voltar para a Alemanha. Mann era criticado pela esquerda e pela direita. A esquerda alemã lembrava seu nacionalismo arraigado durante a 1.ª Guerra Mundial e os Estados Unidos, influenciados na época pelo macarthismo, o consideravam um comunista. Filho de uma família abastada de comerciantes de Lübeck (norte), irmão mais novo do escritor Heinrich Mann, ele escreveu uma obra considerável, com mais de 100 mil páginas. Em 1901, Thomas Mann publicou o romance Os Buddenbrook, uma história em parte inspirada pela de sua família e que descreve o declínio da burguesia hanseática. Muito influenciado pelo pensamento do filósofo Arthur Schopenhauer, Mann escreveu em 1912 o romance Morte em Veneza, no qual descreveu o amor platônico de um professor pelo adolescente Tadzio. Parcialmente autobiográfico, este romance, fruto de uma viagem a Veneza na primavera de 1911, foi filmado por Luchino Visconti. Mas sua obra mais famosa ainda é A Montanha Mágica, publicada em 1924, cinco anos antes de ser agraciado com o Prêmio Nobel de literatura. A Montanha Mágica é considerada como um dos livros mais importantes do entre-guerras. "A observação dos homens era sua maior arte", sublinha Reich-Ranicki. Pai de seis crianças, ele se exilou na Suíça após a chegada dos nazistas ao poder. Em seguida, emigrou para os Estados Unidos em 1938, onde ensinou na universidade de Princeton, em New Jersey. Posteriormente, Mann se mudou para a Califórnia. Ele retornou à Suíça em 1952 e morre três anos depois, aos 80 anos.

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