Ágora Dramaturgia abre temporada 2002

Pai, de Izaías Almada, e Cor de Chá, de Noemï Marinho, dão início ao programa 2002 do projeto vencedor do prêmio Shell

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Por Agencia Estado
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Vida longa à dramaturgia! Parece ser o refrão que reverbera no Teatro Ágora dos diretores Roberto Lage e Celso Frateschi. Noemï Marinho, com Cor de Chá, e Izaías Almada, com a peça Pai, são dois dos 12 dramaturgos convidados a criar textos teatrais curtos para o projeto batizado - e premiado com o Shell/2001 - Ágora Livre Dramaturgia, ocorrido no segundo semestre do ano passado. Tinha em vista a produção e reflexão dessa arte que volta a ter importância na cadeia do fazer teatral. As duas peças abrem o programa de temporadas de 2002, que prosseguirão com as montagens dos textos de Hugo Possolo, Luiz Alberto de Abreu, Alcides Nogueira e Naum Alves de Souza. Vale destacar que o dramaturgo Bosco Brasil escreveu o elogiado Novas Diretrizes para Tempos de Paz, também para o Ágora Dramaturgia. Em Pai, Almada expande mais uma vez um tema caro à sua escrita: os insepultos anos da repressão. "Mas tentei colocar nesse texto um pouco de emoção, de poesia mesmo, na relação de mãe e filha", diz Almada, autor da recente Lembrar É Resistir. A peça se passa no início de 90, em que Mariana, dona de casa e mãe da adolescente Júlia, recebe a notícia, pela Comissão de Direitos Humanos da Secretaria da Justiça, de que foram encontradas várias ossadas no cemitério clandestino de Perus. Uma delas, acredita-se, seja de Jorge, marido de Mariana e pai de Júlia. Roberto Lage assina a direção de Pai. "É interessante observar que as peças de um modo geral falam de uma orfandade que permeia a vida contemporânea." Cor de Chá é um monólogo da autora de Fulaninha & Dona Coisa. A protagonista, cerca de 40 anos, divaga acerca do estar vivo no mundo contemporâneo. São idéias nascidas da solidão, em meio à arrumação de uma mesa de chá. "Urbana é uma mulher dotada de tal lucidez, que lhe acompanha uma cegueira igual, por não agüentar tanta claridade", diz a autora, diretora e atriz (atua no monólogo), Noemï Marinho. Ela faz seu retorno ao teatro depois de dez anos de afastamento e está sendo dirigida por Márcia Abujamra. "Projetos como o do Ágora fortalecem os dramaturgos e permitem que se mapeie a dramaturgia contemporânea brasileira." O Ágora Livre Dramaturgia nasceu a reboque das discussões do Odisséia de Teatro Brasileiro (2000) e destinou todas as segundas-feiras dos meses de setembro, outubro e novembro de 2001 a reunir autores e público, para abordar por meio de leitura dramática de peças curtas, questões como: "Poderá o mundo de hoje ser reproduzido no teatro? Escreva sobre sua aldeia e falará do universo ou o seu personagem está no palco ou na platéia?" Foram premissas proveitosas. Ágora Dramaturgia - Pai. De Izaías Almada. Direção Roberto Lage. Duração: 30 minutos. De quinta a sábado, às 22h30, domingo, às 20h30; Cor de Chá. De Noemï Marinho. Direção Márcia Abujamra. Duração: 50 minutos. De quinta a sábado, às 21 horas, domingo, às 19 horas. R$ 10,00 (cada espetáculo) ou R$ 15,00 (para os dois). Ágora. Rua Rui Barbosa, 672, tel. 3284-0290. Até 28/4.

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