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Agnaldo Farias será curador da Bienal

Convidado pelo curador-geral da mostra, o alemão Alfons Hug, o crítico e professor comandará o segmento nacional do evento, que deverá reunir cerca de 20 artistas

Por Agencia Estado
Atualização:

Agora é oficial: Agnaldo Farias está à frente da curadoria do núcleo brasileiro da próxima edição da Bienal de São Paulo. Convidado pelo curador-geral da mostra, o alemão Alfons Hug, o crítico e professor comandará o segmento nacional do evento, que deverá reunir cerca de 20 artistas. Embora não tenha nenhum nome confirmado, o novo curador-adjunto da 25.ª edição da mostra disse em entrevista que pretende privilegiar a arte experimental e as pesquisas de artistas jovens ao lado de alguns poucos consagrados. Ele passou a tarde de quinta-feira no prédio da Bienal para começar a acertar os ponteiros com Hug. "O que chamo de artistas jovens são aqueles com 10, 15 anos de carreira; são criadores com trajetória consolidada e munidos de um trabalho de pesquisa consistente, mas sem grande reconhecimento público e comercial", ressalta Farias. "Para aqueles jovens que acabam de sair da faculdade existem salões e programas bastante interessantes, como os Panoramas realizados pelo MAM", acrescenta. Batalhadores - Em outras palavras, o curador vai levar para a Bienal o pensamento que norteou sua gestão no Museu de Arte Moderna no Rio, encerrada no ano passado. Com os devidos ajustes de formato, Farias vai privilegiar os artistas contemporâneos com questões solidificadas e de uma certa forma distantes do circuito comercial. "O Brasil é um país que tem uma tradição muito forte no experimentalismo, em que se encaixa, entre muitos outros que batalham, o trabalho de Artur Barrio." Tudo isso deverá ser articulado dentro do tema escolhido por Hug (bastante parecido com a idéia de Ivo Mesquita, ex-curador da edição) que é a discussão sobre a metrópole contemporânea. "Trata-se de uma linha geral bastante ampla, de forma que teremos uma liberdade de movimento para trabalhar", observa o curador. "Veja a criação de Marepe com camelôs ou a pesquisa de Monica Nador e Emanuel Nassar", exemplifica. "São questões diferentes, mas que trazem a discussão da rede metropolitana em vários de seus aspectos." Esse novo trabalho representa um retorno de Farias à Bienal. Além de suas participações recentes, o crítico lembra que seu envolvimento com a instituição se mistura com o início de sua carreira. "Era curador de cinema da edição de 1981, quando tinha acabado de sair da faculdade", recorda. Tanto que seu trabalho de pós-doutorado trata exatamente da história da fundação. O livro, que provavelmente será lançado ainda este ano, é baseado nesse levantamento. "Não se trata de uma pesquisa tão consistente quanto a que o Ivo Mesquita está realizando", comenta. "Mas traz um testemunho, em forma de crônica, de um representante de uma geração que teve sua formação fortemente influenciada pela história da Bienal." No ano passado Farias, que deixou a direção do MAM para se dedicar às atividades acadêmicas, recusou o primeiro convite de Hug. "Estava muito atarefado, mas algumas pessoas, como Regina Silveira, Carmela Gross e o Nelson Leirner, me convenceram a assumir esse projeto", conta. "Apesar de toda a confusão pela qual passou a Bienal, não acho que devamos abandoná-la. Como Regina Silveira bem colocou na época, trata-se de uma instituição que, mais do que vitrine, tornou-se uma janela das artes plásticas no Brasil."

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