Ademilde Fonseca é homenageada em CD com raridades

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Por AE
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Há 70 anos, com a projeção da cantora potiguar Ademilde Fonseca (1921-2012) no Rio, nascia o gênero do qual ela foi rainha inigualável: o choro cantado. Morta em março deste ano, Ademilde foi homenageada com um CD duplo com gravações raras de seu repertório, dentro da série Super Divas (EMI), criada pelo pesquisador Rodrigo Faour. Outras 12 cantoras foram contempladas com a coleção, que traz preciosidades inéditas em CD. Como diz Faour, é injustificável que esses clássicos imprescindíveis da discografia de Ademilde tenham ficado tanto tempo no limbo. Ademilde chegou ao Rio em 1941 e fez sua estreia no ano seguinte, quando lançou um dos maiores sucessos da história do choro com vocal: "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu e Eurico Barreiros. A gravação que abre o disco 2 de seu CD duplo, porém, é uma regravação de 1962. Faour deu preferência a gravações das décadas de 1950 e 60, "quando a tecnologia já era mais apurada" do que na década em que Ademilde foi revelada.Para ele, o estilo de Ademilde morreu com ela. Seu papel nesse gênero da música brasileira foi tão marcante que em 1975 João Bosco e Aldir Blanc deram "Títulos de Nobreza" (Ademilde no Choro) de presente a ela, com uma letra que cita diversos choros famosos do repertório da cantora.Outras tentaram chegar perto do estilo de Ademilde, mas nenhuma cantou esse gênero com aquela musicalidade, velocidade, clareza (sem atropelar nenhuma sílaba), brejeirice e emoção. "Você entende tudo o que ela canta. Ela tinha uma musicalidade transcendental. O canto e o repertório dela são de um Brasil tão enraizado, que calam fundo na alma da gente", diz o pesquisador. Sua interpretação para "Na Baixa do Sapateiro" (Ary Barroso), diferente de todas já feitas, é um bom exemplo.Em 1958, por sugestão do produtor Aloysio de Oliveira, Ademilde gravou um álbum inteiro de sambas clássicos do repertório de Carmen Miranda (1909-1955). Raridade em vinil, "À la Miranda" sai agora pela primeira vez em CD na íntegra dentro dessa coleção. "Carmen tinha um estilo muito forte e fazer um disco com 13 faixas e brilhar em todas não é brincadeira", observa Faour. Só Ademilde mesmo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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