PUBLICIDADE

Adélia Prado faz palestra emocionante no último dia da Flip

Escritora mineira lamentou que os brasileiros não tenham um ?consciente político coletivo? capaz de ?dar um jeito? no País

Por Agencia Estado
Atualização:

A escritora mineira Adélia Prado, que recentemente lançou Quero Minha Mãe (Editora Record), fez a palestra mais emocionante da 4ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), sendo aplaudida de pé pela platéia, na manhã deste domingo. Provocou também a maior fila de autógrafos registrada durante todo o evento, o que atesta não só sua popularidade como escritora, mas principalmente seu carisma como autora de profunda fé religiosa, capaz de converter o mais resistente ateu. Em sua conversa com o público, a escritora falou desde seu primeiro livro Bagagem, até homens-bombas, provocando com uma surpreendente defesa do direito desses à resistência política e cultural. ?O que confere dignidade é aquilo que dá sentido à vida?, observou. ?É por isso que as pessoas morrem, porque estão inteiras nisso?, completou. Não se deve concluir que a escritora mineira, ao falar de terroristas, estivesse defendendo atos suicidas, mas sim que eles carregam algo genuíno, autêntico, que não se encontra nos discursos dos líderes mundiais que pregam democracia enquanto praticam não só um genocídio como crimes culturais contra a humanidade, ao tentar impor uma língua e um modo de pensar a outros povos, desconsiderando a alteridade. Para a poeta, nossa vida ficou ?esvaziada de realidade?. Sofremos, segundo ela, do que Baudrillard chamou de ?metástase cancerosa da ausência de significado?. Não podemos sequer jogar a culpa na alienação dos jovens, ?porque nem mesmo juventude transviada nós temos, no sentido de que eles não tem uma via para se desviar dela?. Ao falar da situação atual, Adélia lamentou que os brasileiros não tenham um ?consciente político coletivo? capaz de ?dar um jeito? no País e, de maneira geral, que tenhamos perdido a consciência endêmica de sermos autores de um crime que exige reparação. Precisamos, segundo ela, de um ?muro? que nos dê consciência da alteridade, do reconhecimento do outro, impondo restrições de ordem moral a um mundo que virou cínico. ?Liberdade absoluta é liberdade nenhuma?, justificou. ?Liberdade é ter compromisso com alguma coisa?, concluiu.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.