Acusados pelo roubo dos quadros de Munch são julgados

O julgamento dos acusados pelo roubo, em agosto de 2004, dos quadros O Grito e A Madona, começou hoje e deve durar até 14 de março

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Por Agencia Estado
Atualização:

O julgamento dos seis acusados pelo roubo, em agosto de 2004, dos quadros O Grito e A Madona do pintor expressionista Edvard Munch, começou hoje no tribunal de primeira instância de Oslo, com a perspectiva de uma redução de pena caso o destino das obras seja revelado. As obras foram levadas do museu de Munch em Toyen (Oslo) por dois homens armados com uma pistola sob o olhar de dezenas de turistas. Os ladrões teriam recebido mais de um milhão de coroas pelo golpe, de acordo com o relatório policial. Logo no início da audiência, um dos advogados de defesa solicitou ao tribunal um adiamento porque só ontem a Polícia entregou os protocolos de dez mil conversas telefônicas registradas, prazo insuficiente para preparar a defesa. A pena mínima para os réus é de seis anos e a máxima de 12. Nenhum dos réus se declarou culpado e a acusação caracterizou o roubo como parte de um plano criminoso organizado, o que pode aumentar a pena para 17 anos. No entanto, a promotoria prometeu uma redução de cinco anos caso que cooperem e revelem o paradeiro dos quadros, de acordo com o jornal Aftenposten. O promotor Terje Nyboe reconheceu que o processo penal ordinário não permite esta negociação mas fez o acordo na fase de instrução realizada conjuntamente pela Polícia e a promotoria sem participação do juiz na Noruega. A falta de provas incriminatórias conclusivas dificultará a tarefa de obter a confissão. Os réus estão ligados ao roubo através do veículo usado na fuga dos dois ladrões: um Audi preto recuperado pela Polícia mais tarde. A promotoria apresentará hoje o resultado de vários meses de investigações, com provas obtidas por meio de escutas telefônicas, ações de agentes disfarçados, depoimentos de 50 testemunhas e dos próprios acusados. O julgamento durará até 14 de março, mas nem a Polícia nem os noruegueses em geral acreditam na recuperação de O Grito e A Madona. A acusação aponta Bjorn Hoen, de 37 anos, como cérebro da operação. Petter Tharaldsen, de 33, e reincidente, dirigiu o Audi e Stian Skjold, de 30, é um dos dois ladrões que tirou as obras das paredes da pinacoteca. Morten Hugo Johansen e Petter Rosenvinge, ambos com 38 anos, estão ligados ao veículo da fuga. Por último, Thomas Nataas, um conhecido e rico piloto de carros de corridas, é acusado de receptação. Ele guardou os quadros em um ônibus de sua propriedade e sua pena pode variar da aplicação de multas ou o cumprimento de três anos de prisão. Os agentes não conseguiram identificar o segundo homem que entrou no museu no dia do assalto. Johansen teria contado aos inspetores que o roubo foi encomendado por David Toska, detido em Málaga no ano passado e processado no tribunal de Stavanger pelo assalto a uma agência do Banco da Noruega, no qual morreu um policial, afirmam os jornais Dagbladet e VG. A Polícia acredita que Toska sabe onde estão escondidas as obras, embora ele negue.

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