
05 de março de 2011 | 00h00
Dinorah abre o disco Somos Todos Iguais Nesta Noite, gravado em 1977, que será relançado amanhã pela Discoteca Estadão nas bancas por R$ 14,90. Embora o sucesso internacional não tenha sido imediato, a canção foi o carimbo no passaporte de Ivan.
Quatro anos depois, Quincy Jones, que já se encantara com Madalena, em uma regravação de Ella Fitzgerald, montava o repertório para Give Me the Night, disco que produziria para George Benson. Quincy pinçou Dinorah e fez um arranjo que, acompanhado de um clássico solo de vocal e guitarra por Benson, levou o Grammy de melhor gravação instrumental. Não durou pouco para o telefone de Ivan rachar de tanto tocar. Reza a lenda que Michael Jackson pensou em incluir, em Thriller, a canção Novo Tempo.
Mas a honra maior, mesmo que não consolidada, veio por telefone na voz rouca mais conhecida da história da música. Era Miles, que do outro lado da linha se dizia, de acordo com Ivan, interessado em gravar um disco com seu cancioneiro. É um exemplo da proporção que as coisas tomaram para o compositor brasileiro mais bem-sucedido nos EUA nos anos 80. No entanto, esse é o mesmo tipo de sucesso que relegou Ivan a um status quase brega, que leva muitos a ignorarem seu talento. Como mostra Somos Todos Iguais Nesta Noite, Ivan sempre foi profundo conhecedor das harmonias eruditas adaptadas por Jobim e Radamés, uma escola que ainda dita o que se passa na vanguarda instrumental brasileira. Um belo exemplo disso é o pungente Choro das Águas, ou a apaixonante Qualquer Dia, ambas acessíveis sem abrir mão do refinamento.
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