Acervo do Petit Palais vem ao Brasil em 2002

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Por Agencia Estado
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O Petit Palais, Museu de Belas Artes de Paris, vai estar fechado para reformas até 2003 e algumas de suas principais obras virão ao Brasil. A mostra, com o título Paris 1900, chega ao Rio só em maio, mas o diretor do museu, Gilles Chazal, está no País visitando os possíveis locais de exposição. Na semana passada, esteve no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde o acervo estará de maio a julho de 2002 e no fim de semana visitou o Museu de Arte de São Paulo (Masp), para onde os obras deverão seguir. De São Paulo, as obras viajam pela América do Sul, começando por Buenos Aires. "Vamos trazer o melhor de nosso acervo, em termos de pintura, fotografias, escultura e objetos art nouveau. É um agradecimento ao Brasil que, em 1999, nos mandou a belíssima exposição do Barroco", explicou Chazal, que se encontrou com a colecionadora Beatriz Pimenta, em São Paulo. "Ela se tornou uma boa amiga e parceira, pois nos emprestou muitas peças de sua coleção particular de Barroco e nos abriu as portas de outros colecionadores. Agora é nossa vez de retribuir mostrando aos brasileiros o que temos de melhor." Entre as obras já selecionadas estão o óleo sobre tela A Parisiense, Mulher com Luvas, de Charles Giron; o Retrato de Ambroise Vallard, de Paul Cézanne, um retrato de Sarah Bernhard feito por Tolouse Lautrec; gravuras dele e até uma escultura de Auguste Rodin, além de quadros de Auguste Renoir e a Ofélia de Paul Albert Stech. "Há peças que não podem sair da França por causa de sua fragilidade ou dos custos com seguro, mas garantimos que só virão obras importantes da nossa coleção", garantiu o diretor do Petit Palais. O tema Paris 1900 foi escolhido por ser esse o foco da coleção do Petit Palais. "Nosso acervo tem 40 mil peças, menos que o Louvre e o Quai d´Orsay, que são museus federais, mas somos especializados no período entre o fim do século 19 e o início do século 20", ressaltou Chazal. "Enquanto eles se organizam por técnicas, com salas de pinturas, esculturas, gravuras, nós fazemos o público sentir um momento da civilização e misturamos as técnicas e ordenamos a exposição cronologicamente. Aqui, por exemplo, abriremos com fotografias que revelam a arquitetura e a sociedade dos anos 1900, os ricos, os pobres, trabalhadores e burgueses." No Rio, haverá uma parte carioca, com arte e a paisagem urbana da época. Segundo Chazal, as duas cidades tinham muito em comum no período. A sociedade carioca pretendia viver numa Paris tropical e os franceses tinham imensa curiosidade sobre nosso país. "Queremos evidenciar nossas semelhanças e diferenças", lembra Chazal. "Escolhemos o CCBB porque é uma instituição com excelentes condições técnicas de segurança e espaços para eventos paralelos com cinema, música da época e palestras." A diretora de Artes Visuais do CCBB, Martha Pagy, cuida da parte carioca da exposição e lembra que, se a belle époque carioca não tinha uma pintura ou escultura expressivas, o Rio foi fartamente fotografado nesse período, em que não só estrangeiros nos visitavam com esse fim, mas também profissionais como Augusto Malta e Marc Ferrez estavam em plena atividade. "Não temos aqui uma instituição, como o Petit Palais, especializado nos anos 1900, mas não será difícil encontrar esse material, inclusive cinema sobre e da época", lembrou Martha. Para Chazal, as marcas da belle époque francesa estão até hoje em Paris, seja na arquitetura ou mesmo em hábitos da população. "Boa parte da cidade de hoje foi construída naquela época, bairros como o entorno da Torre Eiffel, os Champs-Elysées e o próprio metrô, que foi inaugurado em 1900", citou. "Socialmente, a situação da mulher mudou muito após as guerras mundiais, mas a organização da população permanece a mesma: os burgueses moram na parte oeste, do lado do Champs-Elysées e os operários do lado leste, onde fica a Bastilha. Só nos últimos anos essa configuração começa a mudar." No Rio, Chazal reconhece também a influência da belle époque francesa. "A ópera de vocês (o Teatro Municipal) e outros prédios no entorno nos levam a Paris, assim como muitas ruas do centro da cidade", disse ele. "Alguns prédios mais novos e mais altos estufaram a paisagem em volta, mas ainda dá para sentir a herança que deixamos aqui."

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