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Acervo do MAC sai da sombra

Por Agencia Estado
Atualização:

Arte Conceitual e Conceitualismos: Anos 70 no Acervo do MAC, a exposição que começa amanhã na Galeria de Arte do Sesi, traz à tona parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP que estava longe dos olhos do público, empoeirando em seus arquivos. A mostra é resultado de quatro anos de trabalho da pesquisadora Cristina Freire. São, ao todo, 215 obras, mais 29 vídeos e filmes, que reúnem trabalhos de artistas brasileiros como Paulo Bucscky, Regina Silveira, Júlio Plaza, Mira Schendel, Regina Vater e nomes do Leste Europeu como Petr Stembera, Jaroslaw Kozlowski, entre outros. Alguns dos destaques da mostra são Confirmado - é Arte, de Paulo Bruscky, Técnica do Pincel, de Julio Plaza e Regina Silveira, e Relações de Espelho de Horizontes Opostos, de Dalibor Chatrny. "Queria discutir que para a arte conceitual a idéia é mais importante do que as coisas", explica Cristina. Por isso, as obras em exposição são feitas de materiais transitórios e precários, tais como os livros de artistas, fotografias, vídeos, filmes e papéis. Ditudura - Não é por acaso que o período enfocado é o da repressão no País, durante a ditadura militar, quando manifestações artísticas ganharam tom político. Sendo como são, comprovam a tese do pensador alemão Walter Benjamin, segundo a qual as obras contemporâneas abandonaram o campo exclusivo das belas artes para entrar no mundo da política. É uma exposição de obras sem o "valor sacralizado das belas artes", endossa o professor e diretor do MAC, José Teixeira Coelho Neto. Esses quatro anos de trabalho também levaram Cristina a lançar, no ano passado, o livro Poéticas do Processo - Arte Conceitual no Museu. Capa do livro, a obra Confirmado: é Arte, de Paulo Bruscky, de 1977, também em exposição, mostra o auto-questionamento do que é a obra de arte contemporânea ao mostrar "confirmado, é arte" como marca de um carimbo. Usando o pincel Teixeira e Cristina contam que as obras, em sua maioria, não foram concebidas para ter um suporte tradicional em museu - caso dos postais e livros expostos. Isso criou certa polêmica com a direção do Sesi que, no final, concordou em proteger todas as obras. "Muitas escolas visitam, seria perigoso não ter proteção", diz Cristina. "As obras parecem convidar à interatividade." Instruções - No núcleo dos livros dos artistas, a série didática "on-off", de Julio Plaza e Regina Silveira, dá instruções explícitas para uma intervenção artística em Técnica do Pincel. Diz o texto: "agarre o pincel pela ponta, para estar mais seguro, quando quiser pintar um pormenor ou dar uma pincelada particularmente vigorosa e expressiva". Logo abaixo, um retrato de Marilyn Monroe, típico de Andy Warhol, com uma pincelada vigorosa no centro. A exposição divide-se nos seguintes núcleos: Livros de artistas e publicações associadas; Poesia concreta e outras poéticas visuais; Arte postal; Comunicação marginal; Instalações: do projeto à recriação; Fotografia de performances; Retratos e auto-retratos conceituais; Memória fotográfica e espaço; Arte e crítica social; Arte sociológica: da prática à teoria. Tarsila e Almeida Júnior - Com a curadoria de Jorge Coli, o "acadêmico" Caipira Picando Fumo, de Almeida Júnior, e o moderno A Negra, de Tarsila do Amaral, dividem uma sala na mostra. Segundo Coli, ambos possuem um elemento "geometrizante" em comum no fundo, com linhas verticais e horizontais. "Quis unir o facão do Caipira e o seio da Negra na exposição", diz Coli. O terceiro convidado da sala, Nelson Screnci, faz a ponte entre os dois, em tela que retrata vários "caipiras" e "negras". Todos estão caracterizados como personagens tipicamente brasileiros que, nos dizeres de Screnci, são os excluídos do País. À Sombra das Palmeiras, do austríaco Arnulf Rainer, completa o conjunto da exposição. Com curadoria de Herbert Brödl, a mostra reúne 42 pranchas do livro de Carl F. P. von Martius - História Naturalis Palmarum. `Arte Conceitual e Conceitualismos: Anos 70 no Acervo do MAC´. Na Galeria de Arte do Sesi, Centro Cultural Fiesp (Av. Paulista, 1.313, tel.: 284-3639). De 27 de junho a 20 de agosto. De terça a domingo, das 9 h às 19 h.

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