Acervo de André Breton vai a leilão sob polêmica

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Por Agencia Estado
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Desde segunda-feira e até o dia 17, estão sendo vendidos em leilão, no Hôtel Drouot, em Paris, as imensas coleções que o criador do surrealismo, André Breton, acumulou no apartamento em que viveu até sua morte em 1966, na Rue Fontaine (em Montmartre). A venda, feita a pedido da filha de André Breton, Aube Elléouët, já provocou reações extremas. Muitas pessoas, famosas ou não, manifestam sua indignação por ver entregues "aos mercadores" as peças escolhidas por André Breton ao longo de toda a sua vida. Não são apenas obras de arte geniais (há pinturas de Paul Klee, Max Ernst ou Miró) , objetos mágicos, máscaras de civilizações antigas, mas também coisas insignificantes (uma caixa feita com asas de borboleta, um cristal de rocha). Cada uma dessas obras e objetos, tão diversas entre si, tira seu sentido e magnetismo na proximidade com outros objetos apreciados por Breton. Os protestos atestam a importância de André Breton, quase 40 anos após sua morte. A partir de Paris e do grupo de Breton, o surrealismo submergiu o mundo inteiro entre as duas grandes guerras e, mesmo depois, no período posterior à 2.ª Guerra Mundial. Foi o mais formidável movimento cultural subversivo do século 20, uma máquina impiedosa a serviço de todas as revoltas - revolta contra a literatura ou a pintura acadêmicas, contra as derivas comerciais, contra as morais burguesas, contra as monstruosidades nazistas ou stalinistas e, naturalmente, contra as violências coloniais. Desde a morte de Breton, as coleções que ele reuniu ao longo de toda a vida ficaram como estavam no ateliê: sua mulher, Elisa, e, mais tarde (depois que Elisa foi internada numa casa de saúde em 1992), sua filha, Aube, tentaram preservar o ateliê da Rue Fontaine. Mas, com o passar dos anos, Aube, sobrecarregada pela tarefa de manutenção desse patrimônio, tentou interessar os poderes públicos pela salvaguarda do acervo. Sucessivos ministros responderam a todos os apelos com um "silêncio tonitruante". Isso acabou obrigando Aube, a filha de Breton, a colocar à venda os objetos. O Ministério da Cultura da França não fez nada para impedir a dispersão. Leia a íntegra da matéria no site do Estado

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