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Academia de músicos

Festival de Campos do Jordão começa hoje com ênfase na orquestra formada por mais de uma centena de alunos

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Por João Luiz Sampaio
Atualização:

Em Campos do Jordão, ele já foi aluno, professor e solista convidado. Mas nessa trajetória de sucesso, ainda há espaço para mais uma estreia - e a partir de hoje, quando começa a 44.ª edição do Festival de Inverno, o violonista Fábio Zanon assume a tarefa de coordenador artístico e pedagógico do evento."Como professor ou músico convidado, você é apenas uma peça da engrenagem", diz Zanon, um dos mais celebrados instrumentistas brasileiros. "Já como coordenador, você passa a ter a ideia do tamanho dessa estrutura e da qualidade da equipe que faz com que ela funcione."A engrenagem a que se refere Zanon começa a se movimentar hoje à noite, com um concerto da Sinfônica do Estado, regida por Marin Alsop. A maestrina é consultora do evento, que desde o ano passado tem direção artística de Artur Nestrovski. Ela também vai dar aulas de regência e, ao lado do regente adjunto da Osesp, Celso Antunes, trabalhar com os bolsistas da Orquestra Acadêmica do festival. Ao todo, Campos vai receber 144 alunos - e, no campo pedagógico, a grande novidade é a volta do curso de composição, que havia desaparecido da programação no ano passado e, nesta edição, contará com a presença do finlandês Kalevi Aho e do brasileiro Aylton Escobar como professores. Até o dia 28 de julho, aulas e master classes serão ministradas por 50 professores; e, em paralelo, a programação de concertos terá 60 apresentações.Em meio a números superlativos, a função de Zanon é encontrar um equilíbrio - e o diálogo possível - entre a faceta pedagógica e os concertos, dois aspectos sobre os quais o festival de Campos sempre se construiu. "E o foco, que não sai da mente, é trazer para os bolsistas uma referência de excelência. Para tanto, a gente, além de escolher os professores, identifica entre os músicos convidados para apresentações aqueles que podem participar também do aspecto pedagógico", diz Zanon. Na edição deste ano, estarão em Campos nomes como a violinista Jennifer Koh, os pianistas Pedro Burmester e Angela Hewitt, o trombonista Jörgen Van Rijen, o maestro Frank Shipway ou o violoncelista Peter Wispelwey. Entre as orquestras convidadas, grupos como a Filarmônica de Minas Gerais, a Sinfônica Heliópolis e a Sinfônica Municipal de São Paulo, com a qual o maestro John Neschling volta a participar do festival.Academia. Zanon não hesita em dizer que, entre os bolsistas de Campos do Jordão, estão aqueles que "serão os principais músicos de orquestra do País" - e, assim, reforça a ênfase do festival na atividade orquestral (até 2011, por exemplo, havia um cuidado especial com a música de câmara e a formação de intérpretes da música nova). "Quanto a isso, não há dúvida, estamos totalmente voltados para a atividade da orquestra. Teremos três semanas de aatividade e um programa para cada semana de trabalho. "É claro que já identificamos um ou outro aluno com potencial e eles poderão fazer parte de programas de música de câmara. Mas o foco é a atividade na orquestra acadêmica. E nesse sentido é um grande trunfo ter o Celso Antunes e a Marin Alsop regendo o grupo. Ninguém que eu conheça ensaia melhor uma orquestra do que a Marin, tem a capacidade dela de administrar o tempo de um ensaio, de priorizar o que precisa ser pensado e discutido."Nos programas da orquestra acadêmica do festival (que serão interpretados também na Sala São Paulo), estão obras como o concerto para oboé de Mozart, que será trabalhado por Antunes dentro da prática da música historicamente informada, La Mer, de Debussy, o concerto para violino de Tchaikovsky, e a Sagração da Primavera, de Stravinski. "A Marin se preocupou em selecionar peças para grande orquestra, para que todos os músicos pudessem tocar. Mas este é também um repertório que sugere uma diversidade de estilos e, acima de tudo, exige uma prática de conjunto excepcional. Tocar essas obras prepara o jovem para qualquer coisa."

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