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ABL reabre sua biblioteca com festa

Por Agencia Estado
Atualização:

A Academia Brasileira de Letras (ABL) reabre amanhã, com festa, sua biblioteca onde estão guardadas todas as obras dos os imortais e/ou raridades doadas por eles. A sala que ocupa o segundo andar do prédio do Petit Trianon nunca havia passado por uma reforma, desde que a Casa de Machado de Assis passou a ocupar o prédio que abrigou o pavilhão francês na Exposição do Centenário da Independência, em 1922. "Agora, os pesquisadores terão conforto para consultar obras de acadêmicos e nós mesmos poderemos estudar e receber pessoas mais adequadamente", comemora o presidente da ABL, Tarcísio Padilha, que deixa o cargo em dezembro. Ele considera a biblioteca sua grande obra. "Fica para a próxima diretoria a construção da nossa bilioteca popular, a Rodolfo Garcia, que ocupará o segundo andar do nosso anexo, para receber cerca de 200 mil volumes de nosso acervo". A biblioteca do Petit Trianon tem um décimo desse tamanho, mas guarda preciosidades desde 1897, ano de fundação da Academia. Não se sabe quem decidiu juntar todos os livros dos imortais, mas atribui-se a idéia a um dos fundadores, Rodrigo Otávio, que levou o romance A Flor de Sangue, de Valentin Magalhães. O livro não virou clássico, mas outros vieram depois. Sem que haja registro de quem os trouxe, há primeiras edições de Vida do Célebre Sevagi e Outros Manuscritos, do padre Antônio Vieira, de 1665; Encyplopédie dês Sciences, dês Arts et dês Metiers, de Diderot e d?Alembert (a primeira do mundo, de 1781), e Os Lusíadas, de Luís de Camões, de 1572, da qual dizem existir apenas seis exemplares no mundo. Há ainda um exemplar de Horatti flacci de Arte Poética commentarius, de Francini Lusini, editado em 1554, por Aldus Monucio, de Veneza, considerado o primeiro tipógrafo comercial do mundo. O fundador da Academia aparece em algumas edições raras, como as primeiras de Dom Casmurro, de 1899; Memorial de Ayres, de 1908, uma edição de Histórias sem Data de 1884, com dedicatória da mulher de Machado, Carolina, para o médico Ricardo Xavier da Silveira (que substituiria o escritor na imortalidade e viraria nome de rua em Copacabana) e outra de Dom Casmurro de 1900, com um cartão de agradecimento do próprio autor. "Estes livros serão reproduzidos em suportes mais adequados à manipulação dos pesquisadores", adianta Tarcísio Padilha. "Temos que deixá-los à disposição do estudante ou pesquisador que não tem recursos para viajar ou mesmo comprar livros, que são caros para a nossa realidade salarial." Na íntegra - "Aqui temos toda a produção dos imortais organizada por cadeira e cronologicamente", comunica orgulhosamente o bibliotecário Luiz Antônio de Souza, que cuida do acervo há 25 anos e comanda uma equipe de dez pessoas. "Há desde a Prosopopéia, de Bento Ribeiro, aos últimos livros de João Ubaldo Ribeiro, o imortal mais jovem. Essa reforma vai não só dar mais conforto a quem consulta o acervo, mas também possibilitará sua conservação em condições mais adequadas." Padilha lhe dá razão. Até meados desse ano, a bilioteca não tinha climatização, a temperatura lá chegava a 45 graus no verão, o que tornava impraticável trabalhar em seu salão. Além disso, a iluminação era precária, "do tempo de Machado", como lembra Padilha. Ele não conta quanto custou a reforma mas lembra que foi integralmente paga com recursos próprios, pois desde meados dos anos 90, a instituição é independente financeiramente. "Graças à gestão de 40 anos de Austregésilo de Athaíde", acentua o atual presidente. "É preciso lembar que diferimos de nosso modelo, a Academia Francesa, mantida pelo Estado, que referenda os eleitos. Aqui somos mais independentes, embora na origem tenhamos conseguido facilidades para estabelecer a academia."

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