ABL homenageia centenário de Cecília Meireles

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Por Agencia Estado
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As viagens que a poetisa Cecília Meireles fez no período mais fértil de sua produção são tema de uma exposição que começa amanhã na Galeria Manuel Bandeira, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Às vésperas de seu centenário de nascimento, em 7 de novembro, a Casa de Machado de Assis presta a homenagem a uma das primeiras mulheres que destacou. Em 1938, após debates acalorados, ela recebeu o Prêmio de Poesia pelo livro Viagem, que seria publicado no ano seguinte. A escolha do tema Cecília Meireles: Poeta Viajante foi uma decorrência natural. A exposição estava planejada há meses, ganhou vários formatos, mas só se tornou realidade quando a ABL sugeriu o tema ao neto de Cecília, o advogado Alexandre Carlos Teixeira, que cuida de seu legado. "Em princípio, íamos falar só do livro Viagem, mas a Academia ampliou a abordagem", diz Teixeira, que organiza a mostra com Sérgio Lacks. "De 1934, quando foi para Portugal com seu primeiro marido, o pintor e ilustrador Fernando Dias Correia, a 1962, quando visitou o México e os Estados Unidos, ela viajou muito. Reunimos os textos em prosa e poesia sobre as viagens, a correspondência à família e livros que surgiram em função dos lugares que conheceu. A exposição abre-se com um texto de Cecília sobre o que seria viajar e prossegue com o livro Viagem, incluindo os primórdios das discussões que levaram ao prêmio da Academia. Fotos dos lugares por ela visitados, na época de sua passagem por lá, formam o módulo seguinte, completado por textos extraídos de suas Crônicas de Viagem (editadas em três volumes este ano) sobre cada lugar. A não ser fotografias tiradas no navio Cuyabá, que a levou para Portugal em sua primeira viagem, há pouco material iconográfico. "Ela não se preocupava em retratar os lugares. Preferia memorizar e depois escrever", conta Teixeira. Texto sobre os meios de transporte tirados de seus livros ou pesquisados em seu acervo pessoal, ainda guardado na casa em que ela morou no Cosme Velho, zona sul do Rio, fazem parte de outro módulo. Desse acervo veio também seu ex-libris, uma cegonha desenhada por seu marido, com a qual ela identificava os livros que escrevia e os que ganhava ou adquiria. "Nesse módulo, há seus livros que estão no mercado e uma biografia, extraída de textos e entrevistas que deu", adianta seu neto. Ele conseguiu ainda a primeira edição de cerca de uma dúzia de publicações, poesia, conferências, traduções feitas por ela e de poemas delas, mostrando como sua obra viajou e como as viagens influenciaram seus escritos. O lado íntimo dessas viagens está nos originais de cartões-postais e cartas enviadas à família. A mostra vai até outubro e o plano é levá-la a outros Estados.

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