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A vez dos arranjadores

Evento Ars Brasilis vai selecionar talentos que disputam com trabalhos inspirados em canções de Milton Nascimento

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Por Julio Maria
Atualização:

Foi ouvindo uma piada que o saxofonista Hector Costita teve a iluminação. Um homem chegou a uma loja de animais para comprar um passarinho. Viu um belo exemplar todo alegre, cantando como um tenor. Perguntou ao vendedor o preço: "R$ 100." Achava que fosse menos, mas topou. Só tinha uma condição. "Você tem que comprar também aquele ali." O outro exemplar era uma ave feia, magricela, morando em uma gaiola enferrujada. "E quanto é aquele?", quis saber o comprador. "Ah, aquele não sai por menos de R$ 1 mil." E o que o fazia tão mais caro? "Ah, aquele outro não canta, mas é um arranjador." Hector idealizou então o primeiro concurso de arranjadores no País. Realizado pelo Sesi, o 1º Festival Ars Brasilis, em Itapetininga, recebeu cerca de 60 trabalhos de jovens arranjadores que tiveram de escolher alguma canção de Milton Nascimento (o homenageado da edição) para fazer seus arranjos. "Foi duro escolher os finalistas. Muita gente boa ficou de fora", diz Costita.A final será no próximo dia 1º de dezembro, a partir das 19h30, quando o homenageado Milton Nascimento fará um show e serão escolhidos os três primeiros colocados do concurso. "O cantor e o compositor de certa forma são sempre lembrados depois que uma canção faz sucesso, mas ninguém lembra de falar no arranjador", diz o músico e curador do projeto.O concurso conta com uma programação paralela que inclui apresentações e oficinas com nomes como Nelson Ayres, que irá falar sobre como se constrói um arranjo. Outras palestras falarão sobre o melhor meio para se fazer arranjos usando ferramentas da internet. "Os meninos estão hoje muito interessados nisso. É claro que é preciso uma maturidade para ser um grande arranjador, mas é uma área que começa a revelar grandes nomes. Percebi isso também como professor", diz Costita.Esse deve ser o primeiro ano de um festival que vai prosseguir nas próximas temporadas, segundo o saxofonista. "Sinto uma grande procura. Só é preciso que os arranjadores mais velhos deixem de achar que festival é coisa para jovens e passem a inscrever seus trabalhos."

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