A sedução esportista das novas musas da TV

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Por Agencia Estado
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Menina bonita, com corpo malhado - eventualmente, uma atleta - e que apresenta programas de esportes na TV. Essa fórmula dá tão certo que, a cada dia, mais e mais beldades ganham espaço na telinha. Daniela Cicarelli, de 23 anos, assinou contrato de dois meses - por enquanto - com a MTV. Vai comandar, junto com o VJ Cazé, uma atração em Maresias (litoral norte de São Paulo), parte integrante da programação de verão da emissora - o posto de musa dessa estação é o mais disputado pelas apresentadoras da casa, o que já teria colocado Daniela no alvo das ciumentas de plantão. Ela começa a gravar no dia 17 - vai ao ar a partir do dia 13 de janeiro - e não sabe ao certo se sua estréia na TV estará diretamente ligada à prática de esportes. A modelo, que também é triatleta, sonha em poder unir os dois. "Fui sondada por outras emissoras, antes de acertar com a MTV, para fazer um programa de esportes. Não rolou, uma pena porque acho que teria tudo a ver comigo", comentou Daniela, que assim como ocorreu com Adriane Galisteu (começou no Verão MTV, ganhou game-show na emissora, foi para a RedeTV! e chegou à Record), deverá ficar o tempo inteiro de biquíni na frente das câmeras. "São dois meses de contrato, uma espécie de teste. Se der certo, fico na MTV." Daniela segue o perfil das apresentadoras-esportistas: é exuberante (olhos azuis e boca carnuda), tem corpo escultural (eis as invejáveis medidas: altura: 1,79 m, peso: 62 kg, busto: 90 cm, cintura: 62 cm, quadril: 92 cm, e pés 39) e considera-se uma atleta amadora (corre meia-maratona e treina triatlo). Seu objetivo é correr maratonas, de 42 km, com o namorado, o empresário Luis Augusto Milano, de 42 anos, que também pratica esporte. A cobiçada modelo, que começou a ganhar fãs após um comercial de refrigerante, pode trilhar o caminho que Daniela Monteiro e Dora Vergueiro, também bonitas e atléticas, já desbravaram. Ambas apresentavam o Rolé, no SporTV - a idéia (de uma produtora, a KN Vídeo) era mostrar duas amigas viajando juntas e praticando esportes radicais e de aventura pelo mundo. O programa também trazia imagens das meninas se preparando para sair, tomando café da manhã, almoçando, etc., bem ao estilo reality show. Bebê a bordo Grávida, Dora, que é praticante do wakebord (faz manobras com uma prancha, enquanto é puxada por uma lancha) e fã de mergulho, está temporariamente longe da atração. Sua filha, Catarina, é esperada para o fim de janeiro. Daniela Monteiro, tricampeã de windsurf e adepta do kitesurf (velejo por meio de uma pipa gigante), saiu da emissora e agora é dona do quadro Caminhos da Aventura, do Esporte Espetacular, da Rede Globo (com cerca de 10 minutos), igualzinho ao Rolé. Hoje, o programa é apresentado por Lívia Lemos, que já trabalhava no canal, e Louise Altehofen, descoberta após comercial de cerveja e que tentou firmar-se na TV ao lado de Milton Neves, em atração sobre futebol. O Rolé faz parte da Zona de Impacto, uma faixa criada em 1996 que engloba outras atrações do gênero - das 14 às 16 horas, de segunda a sábado. De acordo com dados do Ibope, o público da Zona é o mais jovem (dividindo com quem assiste eventos sobre lutas) do SporTV: 84% pertencem à classe AB, 70% são homens (por que será?) e de até 34 anos (52%). Além do Rolé, as atrações mais vistas são Cala Boca Bocão (entrevistas feitas por um surfista) e Surf Adventures (os melhores lugares para quem busca ondas perfeitas). "Afirmar que precisa ser bonita para fazer esse tipo de atração é babaquice. Mesmo que a grande maioria seja bonita, é preciso mais do que isso: praticar esporte, saber dar o recado para o telespectador, ter aquele brilho no olho, personalidade, ser inteligente, rápida, esperta, espirituosa, animada...", observa a pioneira Dora, de 26 anos. Há cinco anos, fez o Conexão Rapadura (SporTV), ao lado de Tiago Brant (apresentador da Zona) e depois firmou-se no Rolé, no ar desde 1998. "A maior prova de que o programa dá certo é que proliferou em outras emissoras. O original é o Rolé, o resto é resto", comenta Dora, viciada em esporte - antes do programa, já se aventurava em saltos de pára-quedas - e em música - é filha do músico Carlinhos Vergueiro e prepara-se para o terceiro CD (já gravou Leve e Pé na Estrada). Simples mortais De acordo com Fabiana Misse, de 29 anos, da KN Vídeo, produtora que faz o Rolé, Caminhos da Aventura e Pé no Chão (atração que mistura esporte e ecologia, no SporTV, apresentado pela bela Cynthia Howllet-Martin), o público se identifica com esse tipo de programa por dois motivos principais. O esporte de aventura é o que mais cresce no mundo (para se ter uma idéia, a última Feira de Esportes e Turismo do Brasil, a Adventure Fair, realizada em São Paulo, gerou cerca de R$ 55 milhões em negócios. Mais de 75% dos espaços do evento de 2003 já foram comercializados.) E as apresentadoras são esportistas mas, como as meninas simples mortais, também sentem medo de encarar alguns desafios, como pular de bungee jumping, esquiar, fazer tirolesa, rolar de uma bola gigante, descer dunas de areia com uma prancha... "Esse mito de que somente um superatleta consegue praticar rappel, longas caminhadas e pegar onda está caindo por terra. O legal do programa é mostrar que basta ter um pouquinho de coragem para topar vários desafios", opina Daniela Monteiro, de 23 anos, há um ano na Globo. Daniela, que encara os mais radicais desafios, diz que morre de medo de viajar de avião. "Eu amarelei várias vezes no bungee jumping na Nova Zelândia. Sou muito medrosa. Em todas as viagens, acordo com aquele friozinho na barriga", conta Daniela, que, assim como Cicarelli, começou na TV fazendo um programa de verão. O grande segredo dessas atrações é justamente a mistura de esportes de aventura com desafios. "É um filão importante", admite Luiz Fernando Lima, diretor do Jornalismo Esportivo da Globo. O quadro Caminhos da Aventura mantém a média no Ibope do programa Esporte Espetacular, cerca de 11 a 14 pontos, e vai permanecer por pelo menos mais um ano no ar. "Quem faz esporte de aventura é saudável, gosta de superar seus limites. Além disso, correr risco fascina o público, que eventualmente irá encarar os mesmos desafios." Além de programas e quadros sobre o assunto, o esporte de aventura vai ganhando, na Globo, os noticiários convencionais e já tem um repórter especializado no assunto, Clayton Conservani. A Eco-Challenger, a corrida de aventura mais difícil do mundo, disputada nas Ilhas Fiji, foi a matéria de encerramento do último Fantástico - Zeca Camargo mostra neste domingo a continuação. A apresentadora do Bom Dia Brasil, Leilane Neubarth, já participou do Rali Paris-Dakar e, além de reportagens, escreveu um livro sobre a experiência. Não é pouca coisa. É a constatação de que a combinação mulher bonita + esporte (nem que esporte, no caso, se aproxime mais de espírito de aventura do que do fator competição propriamente dito) vem rendendo bons frutos à indústria televisiva.

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