A resposta francesa à hegemonia americana

Exposição "Supports/Surfaces" recupera experimentação de artistas franceses dos anos 60 e 70 baseada em concepção materialista da arte

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Por Agencia Estado
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Depois de ter comemorado seu cinqüentenário de nascimento com a mostra De Picasso a Soulages e de ter trazido ao País uma bela retrospectiva de Raoul Dufy, o Museu de Arte Moderna (MAM) continua dando lugar de destaque à arte realizada na França, compondo um interessante panorama da produção francesa deste século. A exposição Supports/Surfaces (Suportes/Superfícies) que será inaugurada amanhã à noite no museu do Parque do Ibirapuera, apresenta ao público paulistano uma das últimas tentativas de organização de um projeto coletivo (e mesmo assim bem menos programático do que as vanguardas do início do século) desenvolvido por um grupo de artistas que, nas décadas de 60 e 70, procurou encontrar respostas alternativas à crescente hegemonia da arte americana no cenário internacional. Como já diz o título da mostra, o que motivava os artistas ligados a esse movimento era a investigação das questões relativas ao suporte (abolição do chassi ou sua transformação na própria obra de arte) e à superfície da pintura. Essa experimentação baseada numa concepção materialista e marxista da arte não significou, no entanto, o abandono de preocupações formais e estéticas. "A abordagem desses artistas é ao mesmo tempo intelectualizada e estética", explica a curadora Marthe Ridart, que veio ao Brasil acompanhar as obras e organizar a montagem da exposição. Artistas como Claude Viallat, por exemplo, desenvolveram trabalhos de forte cunho decorativo, chegando a ser comparados a Matisse. Como escreve o curador Daniel Abadie no catálogo, "os artistas de Supports/Surfaces procuraram na história do século 20 os momentos nos quais o prazer de pintar não impediu a experimentação mais radical; ao contrário, lhe dava essa dimensão irracional que havia sido negligenciada pela arte conceitual". Ao todo são 64 obras, assinadas por 16 artistas pouco conhecidos no País, que pertencem ao acervo do Centro Georges Pompidou. A mostra, que foi exibida pela primeira vez no Jeu de Paume (museu dirigido por Abadie), já esteve em vários países. Sua próxima e derradeira versão será no Rio de Janeiro. França Contemporânea: Os Anos Supports/ Surfaces - De terça a sexta, das 12 às 18 horas; sábado, domingo e feriados das 10 às 18 horas. R$ 5,00 (sócios do museu pagam meia). MAM - Museu de Arte Moderna de São Paulo. Parque do Ibirapuera, s/n.º, portão 3, tel. 549-9688. Até 9/7.

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