A primeira nudez de Isabeli Fontana

Top model brasileira posou para a lente do italiano Mario Sorrenti, criador do calendário Pirelli de 2012

PUBLICIDADE

Foto do author Ubiratan Brasil
Por Ubiratan Brasil
Atualização:

NOVA YORK - No início, os músculos travaram: os braços pareciam presos ao corpo, como se o escondessem. O relaxamento veio aos poucos, à medida que crescia a confiança. "Em pouco tempo, eu estava tão à vontade que nem percebi estar no alto de uma pedra", diverte-se Isabeli Fontana, abrindo um sorriso luminoso. Foi assim, como se cometesse uma peraltice, que a top model brasileira se recordou do momento em que posou nua pela primeira vez em 14 anos de carreira. O responsável foi o fotógrafo italiano radicado em Nova York Mario Sorrenti, que clicou Isabeli e outras 11 belas mulheres para a versão 2012 do Calendário Pirelli, icônico objeto de desejo que a empresa italiana criou em 1964 e que, desde então, tornou-se item de colecionadores.

 

PUBLICIDADE

O calendário foi lançado em Nova York na terça-feira, em uma grande festa no The Armory, edifício militar do início do século 19 e hoje um monumento histórico. Apresentada pela atriz Julianne Moore, a cerimônia foi prestigiada por personalidades (como o ator Adrien Brody e o estilista Valentino) e contou com um show surpresa do cantor Andrea Bocelli. A badalação contrastava com o clima bucólico que marcou a sessão de fotos de Sorrenti, revelada em um making of exibido na festa.

 

Estrela da fotografia de moda e autor de imagens que integram importantes coleções públicas e privadas, Sorrenti escolheu a Córsega e suas paisagens selvagens para dar vida ao swoon, título de seu ensaio que, aqui, pode ser traduzido como o êxtase capturado pelas imagens. "Foi uma decisão estratégica, pois eu precisava de um lugar com clima agradável e que oferecesse mar e montanha, pedras e árvores", contou ele ao Estado. "E a Córsega revelou-se surpreendente."

 

O homem que se esconde por trás de um enorme par de óculos de aros negros é extremamente gentil. Voz aveludada, com vaga lembrança aos graves de George Clooney, Sorrenti observa o interlocutor com atenção e, ao comentar sobre seu trabalho, abre um sorriso que brinca em torno das bordas de sua boca, ameaçando materializar-se diante da mínima provocação. Quando finalmente se espalha por seu rosto, lenta e tranquilamente, transforma esse italiano basicamente normal em um homem encantador.

 

Foi esse tipo peculiar de sedução que encantou o grupo de modelos e atrizes, disposto a se despir diante de suas lentes. "O trabalho de Mario é como uma peça de arte, portanto, o nu insere-se nessa arte", explica Isabeli, que se tornou a recordista em participações nos calendários da Pirelli (soma, agora, quatro). "Ele é muito afetuoso e, como já foi modelo, irradia uma tranquilidade e confiança que nos conquistaram", completa a italiana Margareth Madè.

 

Filho de um pintor que retratava mulheres nuas, Sorrenti tornou-se famoso pelas imagens de nudez justamente por considerar a exibição fotográfica da pele como a máxima aproximação da expressão artística. "Sempre compartilhei o trabalho com as modelos, esperando que entendam a filosofia e, principalmente, que se sintam à vontade." Por conta disso, ele atendeu aos pedidos das moças, como reduzir a equipe durante as fotos para criar um ambiente íntimo.

 

Entre as clicadas na Córsega, em maio, estava uma famosa ex-namorada, Kate Moss - ele a fotografou para os anúncios do perfume Obsession, de Calvin Klein. O reencontro, Sorrenti comenta, foi belo. "Temos uma grande história em comum: foi graças a algumas imagens que fiz de Kate que me tornei famoso", conta. "Assim, o entendimento foi imediato. Ela compreende que, quando se tira a foto de alguém, é o mesmo que se comunicar sem palavras."

Publicidade

 

Das 25 imagens do calendário, 18 são em preto e branco. Sorrenti explica que buscou uma coerência na linguagem com angulações distintas e, por conta da dramaticidade expressa no preto e branco, preferiu variar o uso da cor. "Não queria colocar à força um estilo específico. Queria que a foto tivesse uma vida independente."

 

Sorrenti é o primeiro italiano a clicar para o Calendário Pirelli, criado em 1964, com os retratos de Robert Freeman em Mallorca. Desde então, nomes fulgurantes da fotografia mundial, como Annie Leibovitz e Mario Testino, aceitaram o convite para realizar o trabalho.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.