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A presepada de Ja Rule

No embalo de Cee- Lo Green, rapper atrasa e se recusa a tocar em festival brasileiro

Por Lucas Nobile
Atualização:

As maravilhas da chamada "música negra" têm sido reconhecidas e ganhado espaço em festivais realizados em São Paulo em 2011, na Arena Anhembi. Este ano, Amy Winehouse, Janelle Monae e Instituto se apresentaram em janeiro. Em julho, o local receberá o festival Black na Cena, com Racionais MCs, Jorge Benjor, Criolo e Public Enemy. Anteontem foi a vez do Urban Music Festival que, marcado por diversos problemas e pela falta de organização, poderia receber o nome de Urban Mico Festival.Na quarta-feira da semana passada, a principal atração do evento, o norte-americano Cee-Lo Green, havia cancelado sua apresentação, motivando um processo por parte dos organizadores. Amanhã, coincidentemente, ele será o apresentador de um megaevento organizado pelo jornal Los Angeles Times. No embalo de Green, anteontem foi a vez de Ja Rule surpreender e dar o cano.O nova-iorquino estava escalado para tocar às 19 h, no Street Stage, o palco secundário do festival. Segundo a organização do evento, que recebeu cerca de 12 mil pessoas, Ja Rule chegou ao Anhembi atrasado e pediu para tocar mais tarde. Solicitação aceita, ele encerraria o festival depois de John Legend e The Roots. Ao fim deste último show, com grande parte do público já deixando a arena, à 0h10 de ontem, um dos organizadores subiu ao palco e informou que "Ja Rule se recusaria a tocar para 200 pessoas". "Queria que ele aparecesse aqui para eu jogar um monte de m... nele. Eu vim aqui só para ver o Ja Rule, fiquei esperando até esta hora, tenho que trabalhar cedo e o cara faz esse absurdo? Quero meu dinheiro de volta", reclamou o empresário Fábio Canatto. A organização informou que "vai tomar todas as medidas cabíveis contra o artista e ainda estuda o ressarcimento do público".O discurso de indignação não saiu apenas da boca da plateia. No Palco Street, no horário previsto, com a melhor apresentação da noite, acompanhado de Instituto, Rael da Rima, Criolo, Dan Dan, Fabiana Cozza e Rodrigo Campos, o brasileiro Emicida criticou a postura dos americanos. "A gente foi tocar lá na Califórnia (referindo-se ao Festival Coachella) e os caras embaçaram para liberar nosso visto, barraram "nóis", achando que a gente era traficante. Aí os cara vêm aqui e acha que é terra de oba-oba. Tem que acabar com essa patifaria, respeitar "nóis" e nosso dinheiro", disparou, sendo ovacionado pelos presentes. Alguns ali chegaram a pagar R$ 650 pelo ingresso na pista vip premium. Emicida fez um show consistente, homenageando Chico Science, Nação Zumbi, Claudinho e Buchecha, cantando temas como Vacilão, Rua Augusta, Eu Gosto Dela e Capítulo 4, Versículo 3, dos Racionais.A última música já havia sido executada no set do DJ King, que teve sua apresentação estendida por causa da ausência de Ja Rule. Tempo não é problema para King. Este ano ele entrou para o livro dos recordes depois de tocar por mais de 120 horas seguidas. No festival, ele animou a plateia com temas de RZO, Racionais, Thaíde e Tim Maia.Infelizmente, a música ficou em segundo plano no evento. O encerramento coube a John Legend e a quente performance do The Roots. Com som baixo e o único e diminuto telão do festival sem funcionar durante o show de cerca de 1h40 minutos, a apresentação de Legend não decolou, mesmo com hits como Hard Times, Green Light e P.D.A. (We Just Don"t Care). Mesmo com talento, o bom-mocismo de Legend recebeu aplausos protocolares e não convenceu. E ainda houve espaço para a dispensável participação de Ana Carolina em Entreolhares (The Way You"re Looking At Me), gravada pelos dois em 2009, no disco N9vê.

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