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A poesia de Lupe Cotrim, tecida com afeto, inquietude e elegância

Morta há 40 anos, ela é tema de seminário e recital que irão lembrar seus versos burilados em profundo humanismo

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Por Ubiratan Brasil
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Em 1965, Carlos Drummond de Andrade escreveu numa carta: "Fiquei todo embandeirado ao saber que serei objeto de estudo universitário feito por você." A lisonja era endereçada à também poeta Lupe Cotrim, com quem Drummond trocou ideias, confissões, afetos e críticas em correspondência, de 1956 a 1969. Morta prematuramente de câncer em 1970, aos 36 anos, Lupe deixou obra que se avolumou com o tempo, publicada postumamente. Para lembrar seu trabalho, o Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB) promove, na terça, seminário que vai coincidir com a abertura da mostra Ser Poeta: Lupe Cotrim, 40 anos Depois, com documentos da escritora, além de três retratos dela, um desenhado por Darcy Penteado.Além de revisitar o legado literário da poeta, lembrando especialmente seus sete livros de poemas, o seminário vai contar com a participação de pesquisadores como Telê Ancona Lopez, Carlos Felipe Moisés, Renata Pallottini e Fábio Lucas, além do crítico Manuel da Costa Pinto. Depois do encontro, haverá um recital com canções compostas por Almeida Prado a partir de alguns poemas de Cânticos da Terra, quarto livro de Lupe.Comparada por Menotti del Picchia "em grandeza e beleza" a Cecília Meireles, Lupe (apelido que unia as sílabas iniciais dos nomes dos pais, Lourdes e Pedro - seu nome era Maria José), de fato uma mulher belíssima, de olhar inquieto e gestos nervosos, foi autora de frases brilhantes. Mas, sobretudo, tinha o dom da poesia, especialmente a inspirada na realidade. "Não compreendo o poeta alheio ao problema político, já que cabe ao político resolver na prática a proposta lírica que o poeta faz ao mundo", dizia.Em sua obra, percebe-se um tema constante: as infinitas formas de amor e de comunicação afetiva entre os seres. Também professora de estética, Lupe foi casada com o filósofo José Arthur Giannotti. SER POETA IEB. Av. Prof. Mello Moraes, tr. 8, 140, USP. Seminário. 9h30/ 18 h. Recital: 18h30. Exposição: 9 h/ 18 h (fecha sáb. e dom.). Até 2/6. Quando: 3ª, dia 23

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