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A moda sai da escola e encara olhar de veteranos

O Naturaformandomoda, que exibe trabalhos de formandos de faculdades de todo o Brasil, força a melhora de qualidade na produção escolar, para enfrentar a avaliação do público especializado

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois desfiles no Masp, nos dias 14 e 15, serviram como vitrine para novos talentos de moda de todo o Brasil, com a participação de alunos das faculdades Santa Marcelina e Anhembi Morumbi, de São Paulo, e das universidades Caxias do Sul (RS), Estadual de Londrina (PR), Salgado de Oliveira e Santa Catarina (SC). Uma iniciativa da Natura, o evento Naturaformandomoda dá uma saudável chacoalhada no ensino de moda, ao expor à mídia a produção que se encerrava entre as paredes das escolas. E a necessidade de apresentar sua criação a platéias de especialistas e formadores de opinião faz diferença no resultado. Padrão profissional Faculdades como a Santa Marcelina e a Anhembi Morumbi, que já têm uma tradição de realizar desfiles públicos de fim de ano, exibiram um padrão mais profissional do que as demais, mas a diferença tende a diminuir com a exposição continuada que o evento proporciona. No conjunto, o evento apontou uma grande diversidade de tendências e temas que variaram das raízes brasileiras a estética das raves, com grande ênfase à moda para gente comum. Na platéia, o ídolo da maioria dos aspirantes ao mundo fashion, Alexandre Herchcovitch, formado pela Santa Marcelina, observava atentamente todos os desfiles. "Tem muita coisa boa, embora uma falha no luminoso tenha prejudicado a identificação dos estilistas. Não dá para saber de quem são as peças", disse Herchcovitch. Mas havia mais experts instalados nas proximidades. O preferido do estilista Augusto Junior foi de Andréa Simioni, da Faculdade Santa Marcelina, inspirado em temas orientais, com drapeados e cortes irregulares. "É despojado, divertido e o principal, criativo", elogiou Junior. O professor de desenho de moda Enesoe Chan gostou do desfile de Eduardo Inagaki, da mesma escola. "Adorei um vestido dourado com lascas que pareciam casca de árvore, na modelo negra ganhou ainda mais vigor", diz Chan. Fez sucesso também a coleção infantil, inspirada em camponeses holandeses, criada por Erika Soares, da Santa Marcelina. A produtora de moda Renata Hashimoto apontou Estela Costa, da Universidade Anhembi Morumbi, como o ponto alto duas noites de desfiles. "Quis resgatar o mundo das bonecas antigas, inspiradas nos século 17, mas com toques de modernidade", conta Estela. O designer de tecidos Eduardo Pazian elogiou o desfile da estudante de Katri Letho, da mesma faculdade, inspirado no sertão para criar suas peças, em couro recortado. "Desenvolvi uma coleção para mulheres urbanas, mas que conhecem suas raízes e valorizam sua cultura e seu país", diz Katri. Outro destaque foi o desfile de Michele Machado, da Universidade Salgado Filho, calcado nos anos 60 e no pop art . Os vestidos foram criados como se fossem telas, com muitas cores fortes, paetês e brilhos. Também da Salgado de Oliveira, a estudante Luciane Machado mostrou na passarela do Masp um desfile despretensioso mas original com peças de crochê. Daniela Souza da Universidade Estadual de Londrina conquistou aplausos com sua coleção para deficientes físicos e para a terceira idade. "As cores fortes dão sensação de movimento e procurei fazer peças confortáveis, mas que não caracterizassem a deficiência", diz Daniela. "A cada ano poderemos contar com algumas grandes descobertas, não só estilistas, mas trabalhos específicos de estamparia acessórios e produtos", diz a idealizadora e coordenadora do Naturaformandomoda, a ex-modelo Betty Prado, que acredita que os novos talentos serão absorvidos pelo mercado. "Agora existe uma evolução. Os jovens são revelados e os melhores podem seguir para o Projeto Lab, do André Hidalgo, para a Semana de Moda e, no futuro, para o São Paulo Fashion Week", diz Betty. Com o provável apoio da Abit e da Dupont previsto para 2001, a aposta é que o Naturaformandomoda ganhe mais fôlego. Nomes na praça Na trajetória do mundo fashion brasileiro existem alguns nomes já estabelecidos no mercado, mas são considerados "eternos jovens estilistas". Entre eles está Jeziel Moraes, responsável pela coleção masculina da Ellus, que participou da Semana de Moda- Casa de Criadores. Outro jovem talento é Ronaldo Fraga, também lançado na Semana de Moda e hoje a caminho do São Paulo Fashion Week. Outro segmento é composto pelos estilistas que já têm um público cativo e loja montada, como Caio Gobbi, Mário Viana e Giuliano Menegazzo, da Slam; Carla Fincato, da Carlota Joaquina; Marcelo Sommer, Paula Ferrari e Vinícius Campion, da Mulher do Padre; e André Lima, que apesar de não ter loja própria, vende suas roupas na Pangea e na Daslu.

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