A maioridade do Afroreggae

Com Urucubaca!, peça escrita por Jorge Mautner, trupe do projeto faz primeira incursão como profissional

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Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Não é de hoje que o teatro faz parte da história do AfroReggae.Em modestas encenações, apresentadas quase sempre em escolas, o projeto mobilizava seus alunos para temas das comunidades onde viviam. Urucubaca!, espetáculo que chega hoje ao Sesc Santana, sinaliza um ponto de inflexão nessa história. Com texto inédito de Jorge Mautner, a peça marca a estreia profissional da trupe. Pela primeira vez, o AfroReggae volta-se mais à dimensão artística e menos ao alcance social do que está produzindo. "O sonho sempre foi transformar nosso grupo amador em profissional. Nos preparamos quatro anos para isso", diz Johayne Hildefonso, que divide a direção da montagem com Malu Cotrim e responde pela coordenação artística do AfroReggae. A preparação a que se refere o diretor incluiu aulas de canto, dança e preparação corporal. Antes de abrir temporada no Rio de Janeiro, também "esquentaram" a montagem com passagens pelos festivais de Liverpool, na Inglaterra, e Aberdeen, na Escócia. O que parece ter feito a diferença, contudo, foi a ambição de se cercar de profissionais que tivessem projeção para além dos limites do projeto. Daí, o convite para Jorge Mautner se encarregar da dramaturgia e para outros nomes integrarem a ficha técnica de Urucubaca!. Caso de Nelson Jacobina, responsável pela supervisão musical. Entremeada por números de dança e com acompanhamento da banda Kitôto - que executa ao vivo a trilha sonora -, a peça de Mautner não conta uma história de forma linear. É constituída basicamente por esquetes, nos quais despontam situações próprias do cotidiano das grandes favelas cariocas - como a violência e o tráfico de drogas. "Quando começamos a ensaiar, Vigário Geral ainda estava em guerra. Então, qualquer situação de improvisação caía, inevitavelmente, em morte. Resolvemos assumir isso, até para conseguir exorcizar e depois partir para outras coisas", comenta Hildefonso.Além da guerrilha urbana, a obra aborda pontos típicos do universo de qualquer grupo de adolescentes. Reúne uma série de referências, de cunho erudito e popular. E, mesmo resvalando no trágico, não abre mão da comicidade. Depois de cumprir curta temporada em São Paulo, o espetáculo deve seguir em turnê por outras capitais.URUCUBACA!Sesc Santana. Avenida. Luiz Dumont, 579, tel. 2971-8700. Hoje e amanhã, às 21 h; domingo, às 18 h. R$ 4 a R$ 16. Até 1.°/5

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