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A mãe de Alice manteve Lewis Carrol à distância

Por Agencia Estado
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Conta-se que a rainha Vitória leu os dois volumes da Alice, de Lewis Carroll, apaixonou-se pelas narrativas e pediu os demais livros do autor. Surpreendeu-se então ao receber uma pilha de tratados de matemática e de lógica. Nada aparentado nem de longe com as malucas peripécias da menina pelos países das Maravilhas e do Espelho. Carroll, um entre 11 irmãos, era filho do clérigo anglicano Charles Dodgson e de sua mulher Frances. Nasceu em 1832 e foi batizado Charles Lutwidge Dodgson. Estudou em Rugby, e os professores não demoraram a perceber seu talento para a lógica e a matemática. Aos 14 anos, editava e imprimia jornais, como The Rectory Magazine, para divertir a família. Matriculou-se em Oxford, em 1850, formou-se em 1855 e passou a lecionar na universidade. No ano de sua formatura, chegou a Oxford o professor Henry Liddell. Lewis Carroll conheceu logo a família e ficou fascinado pelas jovens filhas de Liddell, Lorina, Alice e Edith. Um passeio de barco em uma tarde de domingo inspirou Alice no País das Maravilhas, escrito e publicado em 1862. Para grande desgosto do escritor, a partir de dezembro de 1863, a sra. Liddell passou a desaprovar as relações de Carroll com suas filhas, e arrumou jeito de evitar as visitas do escritor. Carroll foi também um pioneiro da fotografia, e enquanto pode, registrou imagens surpreendentemente sensuais das meninas Liddell e de suas amigas. Depois que se tornou persona non grata para os pais de Alice, não voltou a escrever histórias para crianças. Levou uma vida discreta, trabalhando como professor universitário e como clérigo anglicano. E morreu em 1889, talvez sem ter noção de até onde suas obras-primas seriam levadas pelos artistas do século 20. Nenhuma outra obra teve fronteiras tão elásticas quanto Alice, capaz de suscitar desde adaptações comportadas, familiares, como a versão que Walt Disney deu ao desenho, até recriações sensuais, sexuais até, como Alice Através do Espelho,que a Armazém Cia. de Teatro mostrará em São Paulo a partir de 4 de janeiro.

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