A eterna busca por um final feliz

Inspirada em Jane Austen, Elizabeth Kantor lança livro sobre relacionamento

PUBLICIDADE

Foto do author Maria Fernanda Rodrigues
Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Jane Austen morreu há 196 anos e segue inspirando leitores - há sociedades em homenagem a ela em diversos países, que organizam simpósios e bailes com os participantes vestidos a caráter -, cineastas e outros escritores. Já saíram obras como Clube de Leitura Jane Austen, Eu Fui a Melhor Amiga de Jane Austen, Aprendi Com Jane Austen e Conversas com Jane Austen em Bagdá. E ainda Orgulho e Preconceito e Zumbis e Razão e Sensibilidade e Monstros Marinhos, entre outras. Um novo livro chega agora às livrarias brasileiras com a promessa de ajudar mulheres a encontrarem o seu final feliz. A Fórmula do Amor: Segredos de Jane Austen para os Relacionamentos (Realejo) foi escrito pela americana Elizabeth Kantor, que está no País esta semana para divulgar a obra. Hoje, ela faz palestra na Casa do Saber. Amanhã, autografa o livro na recém-inaugurada livraria Cultura do Shopping Iguatemi. E no sábado, participa da mesa A Fórmula do Amor, com o psicanalista Francisco Daudt da Veiga, na Tarrafa Literária (veja mais detalhes no quadro ao lado). Com Ph.D. em inglês e mestrado em filosofia, Kantor, que já publicou O Guia Politicamente Incorreto de Inglês e Literatura Americana, inédito no Brasil, passeia agora pela autoajuda com o empurrão de uma das mais célebres escritoras britânicas - Austen, a mãe da chicklit, é possivelmente a maior long-seller da história da literatura inglesa e estampará a nota de 10 libras, etc. "Percebi que as mulheres modernas amam Jane Austen e procuram em seus livros (e nos filmes que são feitos com base em seus títulos, especialmente Orgulho e Preconceito) algo que está faltando em suas vidas: final feliz, elegância, uma espécie de fé nos homens e vidas amorosas com alguma dignidade." Conta, então, que decidiu explorar os romances de Jane Austen em busca dos princípios fundamentais por trás dos personagens e de suas histórias para fazer um livro "no qual as mulheres modernas pudessem se basear". E o que podemos aprender com ela? "Como sermos heroínas de nossa própria vida", responde. Para Kantor, a popularidade de Austen vem de sua capacidade de escrever sobre o assunto que, segundo a americana, mais interessa as mulheres: "relacionamentos". E isso dura dois séculos. Mas ela aponta um fato novo para o renovado interesse em obras como Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade, entre tantas outras. "Parece ser mais difícil saltar do 'apaixonar-se' para o 'e viveram felizes para sempre' na vida real e Jane Austen dá à mulher moderna uma noção do que ainda queremos num momento em que isso é mais e mais difícil de se alcançar", avalia.Assim, a autora acredita que a britânica pode salvar a vida amorosa das pessoas. "Ela mostra o verdadeiro amor em sua doçura efervescente - pense em Darcy e Elizabeth no final de Orgulho e Preconceito. Mas ela também mostra todas as armadilhas que você deve evitar para chegar lá." Segundo a pesquisadora, a grande felicidade de Elizabeth e de Darcy é contrastada com o caminho errado tomado por outros personagens e pelo comportamento do casal no início da história. "Há todo tipo de aviso e dica lá - para quem quiser ver", garante.A obra é dividida em 16 capítulos, entre os quais: Não Seja Uma Heroína Trágica, Não Procure Sua Alma Gêmea - O Que as Heroínas de Jane Austen Não Estão Procurando em um Homem (E o Que Elas Estão) e Homens Que Têm "Medo de Compromisso": Os Oito Estudos de Caso de Jane Austen.Sobre retirar da literatura de um autor conselhos para uma vida melhor, Kantor diz: "Temos que entender que as pessoas tendem a se espelhar nas histórias que elas amam porque querem ser como os personagens. Jane Austen se interessava muito por este fenômeno e este é um tema importante de A Abadia de Northanger, no qual a protagonista quase faz uma grande bagunça em sua vida porque esperava vivê-la como nos romances góticos que ela lia." E conclui: "Acho que é claro que Jane Austen esperava que seus leitores fossem guiados por suas leituras e que seus romances influenciassem seus leitores."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.