
13 de março de 2011 | 00h00
A reverência pelos heróis da música nordestina sempre fora marca registrada de Alceu, que praticamente operava um milagre criativo: inovava sem abrir mão de suas raízes ao mesmo tempo que conseguia ter êxito comercial. Um dos melhores exemplos disso em sua extensa discografia é o disco Cavalo de Pau, de 1982, que será relançado no domingo que vem pela Discoteca Estadão, por R$14,90.
O que Alceu propôs em Cavalo de Pau não era exatamente novo: uma miscelânea de ritmos e estilos que já fora emplacada pela Tropicália uma década antes. Mas o compositor levou isto um passo adiante: misturou tudo o que ouvira até então, do repente à embolada, do maracatu ao rock, do baião à música árabe e portuguesa.
A segunda faixa de Cavalo de Pau é Tropicana, o maior sucesso de Alceu. Tocada em todos os lugares, de bailes nos rincões do nordeste a forrós universitários na capital paulista, a faixa é uma obra-prima de sensualidade, com uma letra feita par ser saboreada corpo a corpo. O mesmo pode ser dito sobre Como Dois Animais, trilha sonora de numerosos romances na década de 80. Os ventos modernos sopram no fim do disco, com o arranjo vagante da faixa-título, e o maracatu. Mas é nas emboladas ricas em imagens e sacadas silábicas, que Alceu mostra seu talento. Um bom exemplo disso é a faixa inicial, Rima Com Rima: "Se eu rimar rima com rima... é Pirapora é Petrolina é tangerina...".
ALCEU VALENÇA
CAVALO DE PAU
R$ 14,90
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