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A eleição mais rápida da ABL

Em menos de 20 minutos, Zélia Gattai contabilizou os 32 votos que a colocaram na vaga deixada pelo marido, o escritor Jorge Amado, morto no dia 6 de agosto

Por Agencia Estado
Atualização:

Foi a eleição mais rápida da Academia Brasileira de Letras. Em menos de 20 minutos, a víúva de Jorge Amado, Zélia Gattai, teve 32 votos para a vaga que foi de seu marido, que morreu no dia 6 de agosto passado. O jornalista Joel Silveira, teve quatro votos, três deles atribuídos a Ledo Ivo, Geraldo de França Lima e Evaristo de Moraes. O dramaturgo pernambucano Ariano Suassuna se absteve. Não apareceu nem mandou seu voto. Outros acadêmicos, como José Sarney, amigo de longa data dos Amado, e Eduardo Portela, não foram à sessão de ontem, que começou às 16 horas, mas mandaram seu voto para Zélia através de carta. Ao todo, 19 membros da ABL compareceram. O jurista e historiador Raymundo Faoro não votou porque ainda não tomou posse. Zélia Gattai recebeu a notícia em casa, em Copacabana, na zona sul do Rio, ao lado de filha, Paloma, e de poucos amigos. O filho, João Jorge, só chegou mais tarde, vindo do México, via São Paulo, quando o apartamento já estava cheio de amigos a acadêmicos. "Quem telefonou primeiro foi o Antônio Olinto", contou Zélia. "Não esperava tantos votos. A família fez um bolão e o mais otimista foi o João Jorge, que achou que eu teria 30 votos. Eu preferi jogar por baixo e achei que teria 23 votos. Então, tive dois a mais do que o mais otimista." Ontem, a família acordou nervosa. "Menos a mamãe, que é madrugadora, mas dormiu até as 9h", contou Paloma. "Não tivemos tempo de preparar esta recepção, mas, como dizia meu pai, os amigos são a melhor coisa do mundo. Um deles se encarregou da festa e estamos aqui como convidadas. Com um vestido branco comprado na viagem que fez ao México em novembro, Zélia não chegava para os abraços e telefonemas. Apesar de ter nascido em São Paulo, seu fardão será pago pelo governo da Bahia, onde ela vive desde os anos 40. "O governador já ofereceu", contou Zélia. "Estar na Academia é uma emoção enorme, na vaga do Jorge, então, é excepcional." Joel Silveira saiu de casa antes das 16 horas e não falou sobre sua derrota esperada. Já os acadêmicos lembravam que, se esta eleição foi fácil, a próxima, para a vaga do economista Roberto Campos, será disputada, pois têm quatro candidatos fortes, o escritor Paulo Coelho, o cientista social Hélio Jaguaribe e o diplomata Mário Gibson Babosa. "Não vai sair no primeiro escrutínio", comentava Marcos Madeira. Mas até março de 2002, há muito tempo para a campanha.

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