
30 de outubro de 2013 | 02h24
Muito influente, Loreena toca piano, harpa e acordeão e canta. Seu primeiro disco, Elemental, é de 1985. Fez a música para a série de TV feminista The Burning Times, sobre julgamentos de "bruxas" na América do Norte. Apresenta-se pela primeira vez no Brasil, e contou em entrevista ao Estado como construiu, "viajando e seguindo a história", o amálgama que resultou na sua arte. "A tradição celta estava na herança cultural da minha família. Muitos na minha terra (ela é de Manitoba) vieram da Escócia e da Irlanda para o Canadá. Então, minha fascinação era primeiro pela minha história pessoal. Para compreendê-la, tive de aprender a música, particularmente a irlandesa. Sem isso, sem apreciar a música, é impossível compreender o contexto econômico e político da cultura", lembrou.
Sua busca pelas raízes celtas a levou até lugares distantes, como a Turquia, o Marrocos, o Irã e parte da Ásia. "Fui a sítios arqueológicos, falei com arqueólogos e historiadores. Mas estudei tudo num nível amador. Aí, chegou um momento em que eu disse: OK, como colocar isso agora em minha expressão artística?".
Segundo Loreena, a música funcionou como um "polo gravitacional" da arte. "Primeiro veio a autoeducação, depois, o processo artístico. Me alimentei de história, criando uma documentação para satisfazer minha própria curiosidade intelectual. E não só criando peças artísticas. Não é assim, não se pega algo da cultura histórica e se usa como um pincel para pintar uma tela." Em 2012, Loreena foi indicada para o Grammy de Melhor Álbum New Age, rótulo que ela não parece encampar.
"Quando ouço minha própria música, acho que new age não é a categorização apropriada. Anos atrás, viajando pela Europa, aprendi que o termo new age era usado para definir a música de Peter Gabriel, Tori Amos, Kate Bush. Ali eu me achava em boa companhia. Mas a interpretação norte-americana é equivocada. Toco e faço discos com pessoas de formação clássica, há gente que vem do jazz, outras da música experimental."
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