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A dança de Bill T. Jones, entre ação e reflexão

Coreógrafo americano, um dos mais importantes da atualidade, traz a São Paulo quatro coreografias de sua fase mais intimista, que, mesmo assim, não abandona o engajamento

Por Agencia Estado
Atualização:

Nesta terça-feira o público paulistano poderá conferir uma das figuras de destaque da dança contemporânea mundial: Bill T. Jones/Arnie Zane Company. O grupo traz ao teatro Alfa quatro coreografias: Verbum, Black Suzanne, Some Songs e Power/Full. O programa foi baseado em uma nova fase do coreógrafo, mais reflexiva, sem, no entanto, deixar de lado o engajamento político e social. Verbum, uma coreografia de ação, baseada na música de Beethoven. Black Suzanne é o nome de uma flor típica dos Estados Unidos. A beleza da planta em oposição à música contemporânea de Dmitri Shostakovich resultou em movimentos intensos, quase uma ginástica. Some Songs embala os bailarinos com a trilha de Jacques Brel. Já a trilha sonora de Power/Full faz uma louca fusão de música gospel com rock pesado. O coreógrafo afirma que nesse trabalho investiga novos movimentos. Jones começou a dançar aos 19 anos. O coreógrafo nasceu em uma região rural da Geórgia, numa família pobre. Filho de protestantes, teve o primeiro contato com a arte por meio de sua mãe, que costumava encenar peças teatrais na igreja, para o Natal. Ao ingressar na universidade conheceu seu companheiro e parceiro, Arnie Zane. Uma viagem para Amsterdã mudou a sua vida. A dupla marcou o início dos anos 80 com um estilo híbrido de dança dotada de técnica apurada, com um quê de atletismo. Os criadores ainda sofreram a influência direta de ritmos e danças folclóricas caribenhas e africanas. Literatura, com destaque para as obras de Marcel Proust, e artes plásticas compõem o repertório eclético do artista. Sem dúvida uma das principais marcas da Bill T. Jones/Arnie Zane Company está no engajamento político e social. Jones militou contra a segregação racial e sexual em seu repertório. Suas coreografias foram consideradas por muitos como símbolo de rebeldia. A morte de Arnie Zane, vítima do vírus da aids, foi um divisor na trajetória artística de Jones. Sua atenção voltou-se às indagações, como a necessidade de refletir sobre o ato de dançar, de ser bailarino e, principalmente, dedicou-se à criação de novos movimentos. Coreografia - Para compor suas coreografias, Jones isola-se em seu estúdio, onde executa solos, que são filmados. Os vídeos transformam-se em objetos de estudo dele e dos professores da companhia, em especial de Janet Wong, a diretora de ensaios. Janet é a pessoa responsável por traduzir as idéias de Jones para os bailarinos. Por meio de exercícios específicos e muito debate os artistas concebem a coreografia. O coreógrafo age em sua companhia da maneira como gostaria que o mundo caminhasse: de forma democrática e livre. Dessa forma, as opiniões são valorizadas, assim como o estilo de cada intérprete. Os artistas têm espaço garantido para opinar e divergir do diretor. As questões políticas e sociais continuam presentes, inseridas nas peças. Nenhum trabalho assinado por Jones apresenta distinção entre sexos ou qualquer tipo de divisão. Serviço Bill T. Jones/ Arnie Zane Dance Company. De terça a quinta, às 21h. De R$ 45 a R$ 110. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000

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