'A Culpa É das Estrelas' une amor e doença

Drama sobre amor de jovens com câncer é baseado em best-seller

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

John Green é um dos romancistas da moda. É o autor de A Culpa É das Estrelas. O filme adaptado do livro estreou na semana passada. Tem levado legiões de leitores às salas de todo o mundo. O público chora. Rios de lágrimas. Virou diversão de críticos (!) - Love Story para o século 21, Romeu e Julieta sem Capuletos nem Montecchios, mas com câncer. Os apaixonados conhecem-se num grupo de apoio a portadores de câncer. Ele não tem uma perna, ela tem só parte do pulmão. O amigo dele perdeu um olho e sabe que, daqui a pouco, vai perder o outro. É uma desgraceira sem fim. Poderia ser só uma operação caça-níqueis, como o cinema faz tantas, mas é um bom filme. Sorry, mas o diretor Josh Boone é melhor que os críticos que estão procurando defeitos no trabalho dele. Tem humor, um humor peculiar. O cara que perde os dois olhos vai jogar tomates no carro da garota que o abandonou. O moço sem a perna lhe ensina onde e como mirar. E a mocinha antecipa o necrológio para que o amado possa saber o que ela vai dizer sobre ele.

A Culpa É das Estrelas não nega o que vai ocorrer com seus amantes tão belos - Shailene Woodley e Ansel Elgort já dividiram a cena em Divergente. Ele faz o garoto que convida Chloe Grace Moretz para o baile de formatura na nova versão de Carrie, de Kimberly Peirce, que é tão boa quanto pode ser a original, de Brian De Palma (mas quantos críticos vão reconhecer isso?). Há delicadeza na forma como Josh Boone conta sua história. No grupo de apoio, o garoto revela seu maior medo - oblivion, o esquecimento. Ele gostaria de fazer tantas coisas. A morte prematura vai impedi-lo de ser o herói que sonhava. Mas ele vai deixar sua marca nela. Ambos viajam a Amsterdã, onde vive o autor do livro preferido da protagonista. É um livro escrito por quem, como ela diz, entende o que é morrer jovem. O autor, Willem Dafoe, mais que cínico, é amargurado. A ida a seu encontro terá um desdobramento final, mas a importância de ir a Amsterdã é a da descobertas do museu de Anne Frank. A garota que não viveu, encerrada naquele sótão, é eterna na lembrança dos leitores de seu diário. O que é pior que o esquecimento e o câncer? O nazismo. Pode chorar. Faz bem à alma. A CULPA É DAS ESTRELAS Título original: The Fault in Our Stars. Direção: Josh Boone. Gênero: Drama (EUA/2014, 125 min.). Classificação: 10 anos. 

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