"A Comédia Baiana" chega ao TBC

O grupo baiano Los Catedrásticos estréia na cidade comédia baseada nas canções da axé music. A peça foi vista por cem mil pessoas em Salvador

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Recitar e interpretar, com muito humor, as letras das canções da axé music para fazer com que o público reflita sobre elas. Essa é uma das propostas da peça A Comédia Baiana, do grupo baiano Los Catedrásticos, que estréia nessa sexta-feira no TBC. A peça, que de janeiro a outubro ficou em cartaz em Salvador, foi vista por 100 mil pessoas, é uma comédia nonsense em que as músicas baianas são recitadas e interpretadas com muito humor. "Quem adora música baiana vai identificar-se com as cenas e rir muito e quem odeia, além de dar boas risadas, ficará realizado com as críticas feitas durante a apresentação", diz a atriz Cyria Coentro, que trabalhou na novela O Rei do Gado, da Rede Globo, e na peça Mistérios Gozozos, de José Celso Martinez Corrêa. A outra proposta, segundo o diretor e roteirista da peça Paulo Dourado, é fazer o público refletir sobre a cultura de massa, descartável, e os jargões e lugares-comuns do dia-a-dia. "A música baiana é só um pretexto, uma metáfora, para uma discussão bem mais ampla da época atual", diz Dourado. A primeira versão da peça, que tinha apenas 30 minutos de duração, foi apresentada em 1989 - ano em que o grupo se formou -, durante uma greve universitária, em Salvador. Foi um sucesso e o grupo resolveu continuar. Em 1997, houve uma revisão que originou o formato atual, e em janeiro foi feita uma atualização das músicas. "É um fato inusitado em Salvador, nunca uma peça ficou tanto tempo em cartaz, sem intervalo", diz Cyria. A peça é composta por cinco atos reunidos em 1h10, sem intervalo. No primeiro e no segundo ato, a Novíssima Poesia Baiana e NPB Remasterizada, Incluindo Novos Sucessos, respectivamente, o elenco, que é composto por cinco atores (Cyria Coentro, João Miguel, Maria Menezes, Ricardo Bittencourt e Zéu Britto) recita letras de músicas baianas, como o Tchan na Selva, do grupo É o Tchan do Brasil, e O Bode, do Timbalada. No terceiro, A Derrota da Razão, os atores fazem um debate hilário sobre o significado da axé music, utilizando-se do mesmo recurso das letras das músicas recitadas. No ato seguinte, Carnaval dos Mortos, o elenco realiza um "ritual fúnebre" da música baiana, recheado de interpretações cômicas de músicas como A Dança da Cordinha e A Dança do Pirulito, do É o Tchan do Brasil. "Quando a pessoa se entrega a uma celebração erótica, como o Carnaval, ela perde a sua identidade, o que equivale à morte", explica o diretor. Já no quinto e último ato, Navegação www.svn.com.br/loscatedrásticos/, os atores tratam do tema globalização, por meio de letras das músicas, e convidam o público a entrar na peça, recitando e dançando. "No fim, todo mundo participa e se diverte."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.