"A Bela e a Fera" traz programa de rádio ao vivo

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Por Agencia Estado
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Um programa de rádio ao vivo que mistura várias linguagens, algo para se ouvir e, principalmente, agir. É assim que a atriz e diretora e teatral Leona Cavalli define a performance-show A Bela e a Fera, que ela e o escritor, jornalista e locutor Fabio Malavoglia apresentam quarta-feira na casa noturna Nïas. A estrela de cinco montagens do Teatro Oficina e filmes como Um Céu de Estrelas e Através da Janela conta que o nome do programa, que remete ao clássico escrito pelo italiano Giovan Straparalo em 1550 e é inspirado na lenda grega de Cupido e Psiquê, surgiu de um projeto que contaria com o comunicador Gil Gomes. "O nome foi uma sugestão da produtora e dramaturga Ana Vitória Vieira Monteiro´´, conta Leona. "Seríamos eu e o Gil Gomes recebendo convidados e fazendo entrevistas, mas por questões de agenda o projeto não deu certo." Desejo temporariamente abortado, a atriz encontrou Fabio Malavoglia que tinha também o seu de retomar as experiências radiofônicas que fazia na década de 80. Como radialista, ele foi a voz por trás do Sombra, locutor da Xilik FM, uma das primeiras rádios piratas brasileiras. Na Rádio Cultura FM, fez o Z de Brazil, rádio-jornal ficcional com linguagem das histórias em quadrinhos, e na USP FM, foi o criador do Radiolábios, programa de poesia e rock-and-roll. "Na época, eu fazia associações entre o poema O Supermercado da Califórnia, de Allen Ginsberg, e a música Lost in the Supermarket, do The Clash" diz ele, autor também do livro Incas Venusianos (Radiopoemas e Outros Scripts). "Agora, o intuito é praticamente o mesmo, recuperar a oralidade e colocá-la num contexto contemporâneo." Para tanto, A Bela e a Fera congrega dança, projeção de vídeo, discotecagem eclética dos DJs Dêmo e Renato Bianchi, os textos de Fabio Malavoglia e colagens de fragmentos de outros autores. "Faremos leituras curtas de Fernando Pessoa, Aleister Crowley, William Blake e Ginsberg", avisa o locutor, citando também o bordão celebrizado pela atriz Greta Garbo. "Vibrações de luz no microfone, ninguém mais dizendo I wanna be alone, coisas da Nova Era: beleza e força da bela e da fera." Com isso, Fabio Malavoglia acredita que o programa possa discutir até mesmo a questão da arte neste fim de milênio. "Há tempos falam de uma crise do suporte nas artes plásticas, mas digo que a literatura também sofre dessa crise diante das novas tecnologias", continua. "É incrível, temos até de criar novas palavras para dar conta de tantas mudanças." Leona Cavalli lembra, no entanto, que a diversidade na qual se encaminha a arte no novo milênio deve objetivar a autenticidade. "O novo milênio tem essa característica diversa, mas dentro disso é preciso que o artista manifeste a sua autenticidade, descubra as suas especificidades e as manifeste", diz. Nesse sentido, a atriz reafirma seus flertes, peculiares com a música. "Tenho uma proximidade natural com o ritmo desde a minha estréia no teatro, minha interpretação é muito ligada à musicalidade." Prova disso, é o canto falado de Leona na música Toda Nudez Será Resgatada, composição assinada por Celso Sim para o espetáculo rodriguiano Toda Nudez Será Castigada, e a versão eletrônica para Olhos nos Olhos, de Chico Buarque, produzida pelo Shiva Las Vegas. "Elas estarão presentes no programa." O projeto de A Bela e a Fera está sendo negociado com algumas emissoras de rádio paulistas. O programa, com duas horas da duração, será semanal e transmitido ao vivo todas as quartas feiras. Independentemente da transmissão ou não (a performace-show é um piloto do que está por vir), o público terá amanhã uma experiência, parafraseando Leona Cavalli, audiovisual-física-dançante. Leona Cavalli e Fabio Malavoglia - Quarta-feira, a partir das 23h30. R$ 20,00 (homem) e R$ 15,00 (mulher). As primeiras 50 mulheres têm entrada franca. Rua dos Pinheiros, 688 em São Paulo, tel. 3062-3877.

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