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"A Bela e a Fera" quer público recorde

Diretor acredita que o musical vai superar os números de bilheteria de Les Misérables, porque atinge um público mais amplo

Por Agencia Estado
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A história da moça que, para salvar a vida do pai, se entrega a um monstro já foi vista no teatro por 21 milhões de pessoas em 16 países e ganha uma versão em português: A Bela e a Fera estréia nesta quarta-feira às 21 horas, no Teatro Abril, para convidados e a partir do dia seguinte inicia uma temporada para público que promete ser maior e mais vitoriosa que o musical que o antecedeu, Les Misérables, que ficou 11 meses em cartaz, atraindo 310 mil pessoas. "Agora, teremos o interesse de um público mais abrangente, principalmente os adolescentes e os representantes da terceira idade", observa Jorge Takla, diretor da Divisão de Teatro da Corporação Interamericana de Entretenimento (CIE), empresa mexicana que opera no País desde 1999 e agora está viabilizando a montagem brasileira. Trata-se de um ambicioso investimento, orçado em R$ 8 milhões na produção e outro milhão mensal, na manutenção de um musical recheado de números superlativos, o mais caro no teatro brasileiro. O musical, cujas canções são executadas ao vivo por uma orquestra de 20 músicos, conta a história de um príncipe rude e egoísta que é transformado em uma horrenda criatura por uma feiticeira, que também converte seus empregados em objetos encantados. Para se livrar do castigo, o príncipe deverá mudar seus princípios e mostrar que pode amar uma mulher. A história foi transformada em desenho animado de sucesso pelos estúdios Walt Disney, em 1991. A boa recepção bastou para que logo chegasse à Broadway. Como acontece em todas montagens internacionais, a brasileira segue fielmente a estrutura original, desde a confecção de cenários e figurinos até a adaptação das letras, feita por Cláudio Botelho: em nenhum momento a letra pode atropelar a melodia, que é rigorosamente a original. "A adaptação só é permitida para que a letra se encaixe corretamente na música", explica Botelho, cuja experiência foi construída em versões como Vítor ou Vitória e Company. "Não queremos copiar o desenho, que é uma mídia específica, e aconselhamos os atores a não se influenciarem nem por outras montagens", comenta Robert Jess Roth, diretor de todas as montagens internacionais e que veio a São Paulo trabalhar diretamente com o elenco brasileiro, selecionado depois de audições disputadas por mais de 2 mil candidatos. "Percebi que essa montagem está muito próxima da americana na disposição do elenco e na alegre apresentação da coreografia, ao contrário do que ocorreu com a versão inglesa." A Bela e a Fera não tem um palco giratório, como era necessário em Les Misérables, mas cenários como os casebres, castelos e campos, todos desenvolvidos pela Walt Disney Theatrical Productions, exigem um maquinário também complexo: são 130 toneladas de maquinário que veio da montagem de Madri, manipulado por um exército de cerca de 200 trabalhadores. A grande sensação ocorre nos minutos finais, quando a Fera (interpretada por Saulo Vasconcelos), ferida e deitada no colo da Bela, é subitamente suspensa no ar e se transforma em príncipe depois de um malabarismo circense. Os detalhes da cena são mantidos em segredo e poucas pessoas têm acesso ao seus bastidores. "Eis um dos principais segredos da magia Disney", brinca a figurinista italiana Genoveva Petitpierre, responsável pelo detalhado processo de confecção da máscara, que consome no mínimo uma hora - na verdade, trata-se de uma prótese que se adapta às feições do ator, facilitando-lhe a movimentação. "São utilizados cem elementos diferentes para dar mais realismo à cena." Todas as cenas são acompanhadas, nos bastidores, por técnicos que observam, em diversos monitores, as imagens captadas por câmeras de infravermelho. O organograma profissional de atividades e as dimensões superlativas do espetáculo supreenderam o elenco brasileiro que, aos poucos, se acostuma com a realização de grandes musicais. "São diversas equipes de produção, que se entrosam e permitem que se consiga rapidamente o resultado exigido pelo diretor", conta Saulo Vasconcelos, que interpretou um dos principais papéis na montagem mexicana de O Fantasma da Ópera. "Assim, enquanto se ensaia a coreografia em uma sala, em outra é possível ensaiar as músicas." Preparação - O ritmo de uma nova rotina exigiu dedicação total dos atores. "Cada vez mais, é preciso cuidar da preparação da voz, do corpo e da coreografia", observa Kiara Sasso, que interpreta a Bela. "Isso acontece porque a profissionalização também está presente na equipe de produção." A novidade aos poucos já não surpreende mais os atores que participaram de diversas experiências de musicais no Brasil. É o caso de Marcos Tumura, que interpretou Jean Valjean em Les Misérables, além de ter participado de Rent e Aí Vem o Dilúvio. "Antigamente, quando se montava um musical no Brasil, o diretor acumulava funções e cuidava também da coreografia. Agora, a energia de cada um é canalizada para funções específicas, o que facilita a correção de erros e a conquista de uma atuação perfeita." Com isso, o grau de exigência aumentou. Daniel Boaventura, por exemplo, que interpreta Gastón, participou de inúmeros ensaios de dança, que exigiam passos complicados. "Como se trata de uma história basicamente para crianças e adolescentes, o ator precisa ter uma expressividade muito grande e, em alguns momentos do espetáculo, há números que até os bailarinos sentiram dificuldade", explica. A estréia de A Bela e a Fera, que deverá ficar ao menos um ano e meio em cartaz, confirma os planos da CIE de incluir São Paulo em uma rota de musicais formada por outras capitais, como Cidade do México, Buenos Aires e Madri. Cidades que vão revezar os musicais - assim, Les Misérables teve de encerrar sua temporada brasileira pois seguiria para a capital espanhola, de onde veio justamente o musical que estréia amanhã. "Temos uma série de espetáculos programados para os próximos anos, como O Fantasma da Ópera, Chicago", comenta Fernando Alterio, presidente da CIE Brasil. "E teremos musicais simultaneamente em cartaz, ocupando vários teatros." Serviço - A Bela e a Fera. Texto Linda Woolverton. Música Alan Menken. Letras Howard Ashman e Tim Rice. Direção Robert Jess Roth. Duração 2h40 (com intervalo de 20 minutos). Recomendada para maiores de 4 anos. De quarta a sexta, às 21 horas; sábado às 17 e 22 horas; domingo, às 15 e às 20 horas. De R$ 50,00 a R$ 150,00. Teatro Abril. Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 411, tel. 3101-5055. Patrocínio: Credicard e TIM

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