28 de agosto de 2010 | 00h00
Uma obra como Ernst Gesange, porém, apresentada no começo da semana pela Filarmônica de Viena, o coloca em contato direto com o passado. Encomenda da Sinfônica de Chicago, é uma homenagem a Brahms. Ao longo de três movimentos, ele invoca algumas das obras do compositor. Não as cita, faz alusões. E o resultado é uma mistura em que a preocupação formal, marca de Brahms, busca equilíbrio com o caos que a cerca na escrita de Rihm.
"Mais do que pensar uma maneira de reinventar a tradição, é essa oposição que me interessa bastante. Caos e disciplina. É o ponto em que arte pode surgir. Sem o caos, a disciplina não leva a nada. Sem a disciplina, o caos não funciona. Como artista, você precisa da disciplina para transformar o caos em algo consistente. Mas para que sua disciplina tenha algum poder, não é possível prescindir do caos. Talvez o termo "caos" tenha perdido seu sentido verdadeiro, virando sinônimo de bagunça, de qualquer coisa. O caos me rodeia e me sinto, como diziam os gregos, em um espaço livre no meio dele. É aqui que você trabalha. Se dá um passo para o lado, o que você consegue é o nada. Isso gera uma tensão - e sem ela não há arte. E o dionisíaco e o apolíneo de Nietzsche. Veja o caso de Brahms. Seu primeiro concerto para piano é uma bagunça caótica. Mas ele a trabalha em direção da forma. Sem ela, teria sido impossível construir alguma coisa."
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