A arte do bem morar brasileiro

Série do GNT expõe arquitetos a partir da morada de clientes famosos

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Por Patrícia Villalba/ RIO
Atualização:

Um panorama não só da arquitetura, mas do morar bem no País é o tema da série Casa Brasileira, que o GNT exibe em cinco episódios, de amanhã a sexta-feira, às 21h. No programa de estreia, a atriz e apresentadora Regina Casé abre seu doce lar em Mangaratiba, no litoral fluminense, para ilustrar o trabalho do arquiteto e design de móveis Sérgio Rodrigues. "A primeira lembrança que eu tenho de designer, arquitetura, de saber o nome de uma coisa, quem fez aquilo, foi uma cadeira mole do Sérgio Rodrigues. E ter uma casa projetada por ele era um sonho meu", conta ela, que encomendou o projeto ao arquiteto, um dos grandes nomes mundiais, já há 12 anos.

 

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A ideia da série, que não tem nada a ver com os programas que dão dicas sobre decoração, surgiu da observação do diretor e cenógrafo Alberto Renault, amante de arquitetura e, nas suas palavras, "arquiteto frustrado". "Adoro conhecer a casa dos outros, sou daqueles que pede para ir ao banheiro só pra ver como é lá pra dentro", brinca ele, que procurou escolher nomes para a série que representassem as mais diversas escolas e gerações da arquitetura brasileira. "Cada programa é sobre o pensamento de um arquiteto ou designer, e a partir desse olhar, tocamos em outros assuntos. Conversando com Isay Weilfeld, por exemplo, a gente fala de favelas, com os irmãos Campana a gente fala sobre art déco de Copacabana, entre outros assuntos."

 

Além de Sérgio Rodrigues, de Isay Weilfeld e dos irmãos Fernando e Humberto Campana, o programa, que tem roteiro de Baba Vacaro, fala da obra da dupla Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen e de Carlos Motta (veja quadro ao lado). Por meio deles, são apresentadas as casas de gente como Zeca Camargo, Marisa Orth e Débora Bloch, além da loja da estilista Isabela Capeto, no bairro do Leblon, no Rio (um projeto de Sérgio Rodrigues e sua filha, a também arquiteta Verônica Rodrigues).

 

Não é à toa, mas uma verdadeira reverência, a escolha do mestre Sérgio Rodrigues, o primeiro a atrair o olhar mundial para o design brasileiro, para abrir a série. Nesse sentido, e combinando com o título do programa, a casa de Regina Casé não poderia ser mais adequada. "Já falei para amigos meus designers: é uma das casas mais brasileiras, senão a mais brasileira das casas. E não digo isso como um elogio a mim mesmo, mas porque sem um interior não há casa", define o arquiteto, em entrevista ao Estado, no seu estúdio no bairro do Humaitá, no Rio.

 

Definida pelo arquiteto como uma "muvuca civilizada, que nasce espontaneamente", a casa em Mangaratiba é colorida e repleta de objetos de decoração pouco comuns, como se pode esperar de uma pessoa como Regina. Em um dos cantos, por exemplo, ela mostra uma insólita coleção de vassouras penduradas no teto. "Aqui, de repente, apareceu uma coleção de pimentas", diverte-se Regina, mostrando o balcão da cozinha, falando de um organismo que até parece vivo.

 

Portas abertas. Na série, chama a atenção a maneira despojada com que os entrevistados-clientes, todos eles famosos, abrem suas portas para receber a equipe de Renault, algo que não tem nada a ver com as poses artificiais das revistas especializadas em celebridades. Segundo o diretor, não foi difícil conseguir entrar na casa dos entrevistados, justamente porque, fãs de seus arquitetos, todos ficaram entusiasmados para falar do trabalho deles.

 

Essa maneira bastante original de apresentar o processo criativo dos mais diferentes arquitetos é o que chamou a atenção da direção do GNT quando Renault apresentou a ideia da série. "Assistindo aos episódios, você percebe que o mais legal é como cada um fala de sua casa, que não é uma obra de arte que o arquiteto cria e, pronto, vai embora", observa o coordenador de Conteúdo do GNT, Tiago Worcman, para quem o programa não tem a intenção de prestar um serviço sobre decoração, mas inspirar o telespectador a morar melhor, não importa sua condição econômica. "Fica clara a ligação do arquiteto com o cliente. E você também entende como funciona o processo de trabalho de um arquiteto numa obra bem realizada. O cliente fica com a sensação de que foi ele quem fez."

 

Com mais de 50 anos de experiência, Sérgio concorda com a impressão de Worcman. "Quando crio uma peça de design, sou cliente de mim mesmo. Mas, para mim, a casa só funciona depois que eu ouço o elogio do cliente. É ele que pode dizer ‘é a realização do meu sonho’", diz ele. "Não é o arquiteto que vai morar na casa, é o cliente. Por isso, a opinião dele é mais importante do que qualquer análise, mesmo de críticos ou pessoas categorizadas."

 

 

Às 21h, no GNTAMANHÃ

A obra do arquiteto e desing de móveis Sérgio Rodrigues é ilustrada pela casa da atriz a apresentadora Regina Casé, em Mangaratiba, no litoral fluminense, e da loja da estilista Isabela Capeto no Leblon, no Rio.

 

TERÇA

Os irmãos Humberto e Fernando Campana têm seu trabalho explorado através da casa do apresentador do Fantástico Zeca Camargo.

 

QUARTA

Fernanda Torres mostra a casa que é a sua cara, personalidade traduzida em projeto arquitetônico por Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen.

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QUINTA

O arquiteto Isay Weifeld mostra seu trabalho através da casa da atriz Débora Bloch.

 

SEXTA

Marisa Orth apresenta sua casa, projeto do arquiteto Carlos Motta.

Bas-fond de verão

 

A partir do dia 2 de janeiro e enquanto o verão durar, Regina Casé vai matar, pela primeira vez, a vontade de comandar um auditório no programa Esquenta – que quase se chamou Regina de Janeiro, Fevereiro e Março.

 

Mistura de muita coisa e pouco difícil de definir – o que aliás é a marca da apresentadora –, a atração começou a ser gravada na quinta-feira e vai ocupar a grade de domingo da Globo. É também algo bem diferente do especial Papai Noel Existe, que é ficção, mas transita no mesmo universo popular de que ela tanto gosta e diverte observando e traduzindo. "Esse programa parece o Saara (risos).

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Vai do réveillon ao carnaval, e fala sobre o que acontece nesse período", explica Regina. "É um programa para levar o tipo de coisa que a gente gosta, domingo na hora do almoço. É bem popular mesmo."

 

Regina, que se reveza como atriz e apresentadora desde 1992, quando estreou o Programa Legal, conta que o projeto de um programa de auditório a rondava há tempos. Faltava encontrar um formato como o Esquenta, sazonal. "Já era uma vontade muito grande da Globo, que vinha de muito tempo, que eu tivesse um programa de auditório", conta ela. "Mas eu não tinha vocação para fazer isso o ano inteiro, porque ia me impedir de fazer um monte de coisas. E a direção da emissora, por outro lado, também queria que eu continuasse experimentando outras coisas."

 

Num cenário de cores quentes e vibrantes, e bem brasileiro, assinado pelo artista plástico Gringo Cardia, que tem quadra (que serve para esportes e shows), cozinha, passarelas, mesinhas e cadeiras de praia, Regina vai receber convidados, como os atores Lázaro Ramos e Leandra Leal e, especialmente, músicos, como Leandro Sapucahy e Leandro de Itaquera. "Quero muito samba, que é a cara dessa época", adianta a apresentadora que, além dos convidados terá uma banda fixa. "O clima é de roda de samba", diz ela – daí, a cozinha, onde será "preparado" o prato do dia.

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