21 de outubro de 2010 | 00h00
Passados 30 anos, o Instituto Moreira Salles reuniu os dois artistas anteontem, no Rio, num show especial para comemorar a data redonda na sede da Gávea que, antes, era a casa do banqueiro Walter Moreira Salles. Wilson e Ney entraram no palco trajados com tanta elegância que Ney não resistiu e chamou o velho parceiro de "Wilson Moreira Salles", arrancando risos da plateia antes mesmo do primeiro acorde. Bem diferente do clima da capa do disco quando, segundo Ney, eles quiseram fazer o estilo "negritude invocada". Wilson aparece com uma camiseta sem mangas de crochê e Ney, com a cara amarrada.
A partir dali, a dupla desfiou o repertório de 14 músicas do disco entremeado com causos e histórias que transformaram a homenagem em momento único de samba e alegria. O curioso é que, mesmo sendo o primeiro disco da dupla cantando suas próprias obras, A Arte Negra... só tem uma composição à época inédita, o samba-réquiem Silêncio de Bamba homenagem ao compositor Candeia, morto em 1978. "O Wilson deu o mote quando morreu um mestre sala anos antes. Ele olhou o caixão e disse: "Silêncio de um bamba". Após alguns anos, virou samba.
Depois de cantar Coité, Cuia, um samba calango do início da parceria, que fala "na coité bebi cachaça/ de cana caiana purinha...", Wilson Moreira bebeu um gole de água e disse: "Nos meus tempos, isto aqui era conhaque." Rapidamente, a produção providenciou dois copos da bebida. O show continuou, mas, ao final, os dois copos restaram intocados na mesa cenográfica. Outros tempos.
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