PUBLICIDADE

A 31ª Bienal, da transformação,terá entre seus participantes o brasileiro Tunga

Evento deve ocorrer entre 6 de setembro e 7 de dezembro no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera

Por Camila Molina
Atualização:

"A imaginação é como o dinheiro da arte, é o que trocamos", disse ontem o curador escocês Charles Esche, na primeira coletiva de imprensa que apresentou conceitos e artistas participantes da 31.ª Bienal de São Paulo, prevista para ocorrer entre 6 de setembro e 7 de dezembro no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera. "Com a imaginação, começa a transformação", afirmou Esche, enumerando outros termos chaves, coletividade e conflito, como questões importantes na concepção da edição da mostra, uma Bienal que tratará de sociedade e contemporaneidade. "Arte pode não só mostrar, mas convocar. Através da arte podemos mudar o mundo", disse ainda, na apresentação, o espanhol Pablo Lafuente, que integra a equipe curatorial do evento.

 

PUBLICIDADE

Entre os 32 projetos anunciados ontem, nove são relacionados a brasileiros. Estão confirmadas as presenças nacionais do escultor Tunga, da coreógrafa Lia Rodrigues, além dos artistas Ana Lira, Armando Queiroz, Graziela Kunsch, Romy Pocztaruk, Virginia de Medeiros, do coletivo paulistano Contrafilé e da historiadora Lilian L’Abbate Kelian, da USP. "O passaporte não é importante", afirmou Charles Esche sobre as nacionalidades dos criadores, mas indicou que cerca de 25% dos participantes são brasileiros.

Já dos estrangeiros, de veteranos foram anunciados o dinamarquês Asger Jorn (1914- 1973), um dos fundadores do grupo CoBrA, a pintora norte-americana Jo Baer, nascida em 1929 e residente na Holanda, e o polonês Edward Krasinski (1925-2004). Há várias representações do Oriente Médio, como os israelenses Yael Bartana e Yochai Avrahami; a dupla que vive na Palestina, Basel Abbas & Ruanne Abou-Rahme; Halil Altindere, da Turquia; e Walid Raad, do Líbano. Espanhóis também se destacam, como Juan Pérez Agirregoika, Pedro Romero e Teresa Lanceta. Os nomes apresentados indicam novidade e frescor para o público brasileiro.

No total, a 31.ª Bienal de São Paulo terá 75 projetos – e não obras, porque os curadores afirmam que estão interessados em trazer para o público experiências de criações feitas coletivamente, entre artistas e profissionais de outras áreas, e que explorem "diferentes formas de trabalho", como afirmou a israelense Galit Eilat, que também integra a equipe curatorial da edição.

Os outros participantes serão anunciados ao longo do ano e, segundo Charles Esche, três projetos serão "surpresa" até a abertura da mostra, em setembro. A coletiva de imprensa ainda contou com a participação da curadora espanhola Nuria Enguita Mayo, dos curadores associados Luiza Proença e Benjamin Seroussi, e de Daniela Azevedo, do projeto educativo – somente não esteve presente na ocasião o israelense Oren Sagiv, responsável pela expografia da mostra.

O presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Luis Terepins, aposta em uma mostra "experimental". Segundo ele, 85% do orçamento da mostra, de R$ 24 milhões, já está captado ou "acertado". Ele ainda afirmou que já estão previstas itinerâncias da exposição para seis cidades do Estado de São Paulo graças a parceria com o Sesc.

Pode-se dizer que a 31.ª edição já tem apelido, será a "transbienal". O prefixo "trans" se relaciona a trabalhos que vão trazer para a mostra questões como transformação, transcendência, transamérica, transamazônica (em projetos de Armando Queiroz, Romy Pocztaruk e de Danica Dakic, de Sarajevo), ou a transexualidade (como nos projetos da baiana Virginia de Medeiros), por exemplo, explicaram os curadores. Até o título da exposição, Como Falar de Coisas Que Não Existem, tem caráter dinâmico, pois terá o verbo da sentença mudado ao longo do evento.

Publicidade

Outro aspecto comentado sobre a Bienal "política e mística" – porque aposta "em maneiras diferentes de ver o mundo", disse Lafuente – foi o fato de criadores como Tunga terem a capacidade de lidar de forma surpreendente com materiais. A curadora Nuria Enguita afirma que a monumentalidade estará presente na 31.ª Bienal e o escultor brasileiro é um candidato forte nesse quesito.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.