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6.ª Bienal de Arquitetura mostra como viver na cidade

Começa neste sábado a grande mostra de arquitetura nacional e internacional, com curadoria de Pedro Cury e Gilberto Belleza Veja galeria

Por Agencia Estado
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Em sua 6.ª edição, a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (Bia) tem um tema simples: viver na cidade. Com a pretensão de conceber uma exposição didática, voltada não somente para o público estritamente ligado à área, os curadores Pedro Cury e Gilberto Belleza escolheram um tema que pode englobar tudo e, nesse sentido, apresentam uma Bienal muito heterogênea. "Pensamos que viver na cidade não implica somente a idéia de morar, ou seja, de ter casa. Há hospitais, praças, comércio... Aqui há projetos de tudo: a cidade é feita pelo conjunto de muitas construções", diz Belleza. Neste sábado, a exposição estará pronta para receber seus convidados e será aberta para o público no domingo. Segundo os organizadores, a estimativa é a de atrair mais de 200 mil pessoas. Orçada em R$ 2 milhões, a 6.ª Bia, realizada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e Fundação Bienal de São Paulo, reúne obras de brasileiros e estrangeiros escolhidos pela curadoria e 13 representações internacionais (Argentina, Alemanha, África do Sul, Áustria, China, Cingapura, EUA, França, Holanda, Israel, México, Portugal e Suécia). Destaques da arquitetura mundial estarão reunidos no espaço climatizado, no terceiro piso do prédio projetado por Niemeyer. São exemplos as obras do designer e arquiteto finlandês Alvar Aalto (1898-1976), representado por projetos arquitetônicos e de mobiliário, e os desenhos e gravuras originais do franco-suíço Charles-Edouard Jeanneret, conhecido como Le Corbusier (1887-1965). Ao longo da exposição também estarão presentes nomes de sucesso, como o espanhol Alberto Campo Baeza, os americanos Rafael Viñoly e Richard Meier e o italiano Vittorio Gregotti, que tem no centro do terceiro andar uma sala fechada com paredes internas vermelhas onde estão nove de seus projetos - seis deles na forma de grandes maquetes. Com a intenção de tornar a Bienal atrativa e didática, os curadores exigiram que os projetos fossem apresentados em maquetes ou protótipos. Para explorar o apelo visual, muitos dos arquitetos (nacionais e internacionais) fazem uso de fotografias, painéis eletrônicos e projeções de vídeos. Cada um dos expositores teve o privilégio de criar seus espaços livremente, independentemente do projeto expográfico da mostra, assinado por Pedro Mendes da Rocha, filho de Paulo Mendes da Rocha, um dos grandes nomes da arquitetura nacional (Camila Molina). As polêmicas que a arquitetura suscita As mostras internacionais sempre possibilitam esse espaço de discussão. Há assuntos candentes. Por exemplo: a exposição da obra do americano Richard Meier (autor de projetos como o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, o Getty Center de Los Angeles e a sede do Canal Plus da televisão francesa, em Paris). Meier prepara-se para inaugurar, no ano que vem, o primeiro edifício moderno construído em Roma desde a 2ª Guerra Mundial, o Ara Pacis Museum, num sítio histórico datado de 9º a.C. Essa obra criou um teatro de conflitos na capital italiana, por conta de sua maciça intervenção em território histórico. Trabalho interessante e igualmente controverso tem o uruguaio (radicado nos Estados Unidos desde 1978) Rafael Viñoly. Sua proposta para o Centro Cultural do World Trade Center (duas torres metálicas, vazias, furando o céu nova-iorquino) foi tão duramente criticada que quase se esquece do resto do seu trabalho, fantástico, como o Kimmel Center da Filadélfia e o David L. Lawrence Convention Center de Pittsburgh, Pensilvânia. O espanhol Alberto Campo Baeza é menos controverso e mais celebrado. Sua moderna Casa de Blas, em Madri, tem fãs principalmente entre arquitetos e já ilustrou diversas publicações internacionais de arquitetura. Também é dele o projeto do edifício-sede da Caja General de Ahorros, em Granada (ele venceu um concurso com 138 concorrentes para fazer o projeto). (Jotabê Medeiros) Os arquitetos brasileiros A participação brasileira se concentra no primeiro e no segundo piso do prédio da Fundação Bienal de São Paulo, mas há gente de todo o Brasil. Nesta 6.ª Bia, os grandes homenageados brasileiros são Carlos Barjas Millan (1927-1964), Eduardo Kneese de Melo (1906-1994), Oswaldo Correa Gonçalves, que morreu há pouco, em 28 de agosto, e Ícaro de Castro Mello (1913-1986). Carlos Millan - Um dos nomes da arquitetura moderna paulista, foi professor nas Faculdades de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie (onde se formou, em 1951) e da Universidade de São Paulo. A exposição com obras e desenhos de Millan, morto precocemente, foi concebida pela professora-doutora da USP Mônica Junqueira de Carvalho. De sua obra vale citar a residência Fujiwara, de 1954, em São Paulo, detalhada em várias pranchas de desenhos. Eduardo Kneese de Melo - Primeiro presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em São Paulo, entre 1943 e 1949. Na equipe de Oscar Niemeyer, ao lado de outros profissionais como Ulhoa Cavalcanti e Zenon Lotufo, Kneese de Melo participou da execução do projeto do Parque do Ibirapuera, inaugurado em 1954. Trabalhou também na construção de Brasília. Ícaro de Castro Melo - Integrou com Kneese a equipe de Niemeyer para a construção do Parque do Ibirapuera. São dele o ginásio do Ibirapuera, obra de 1952, e o estádio Mané Garrincha, de Brasília, de 1972. Ícaro se dedicou ao planejamento de centros de convivência e espaços esportivos. Foi um dos coordenadores da 1.ª Bienal Internacional de Arquitetura, em 1973 - o evento não tem periodicidade estável. Dele, destacam-se os projetos para sedes do Sesc/Senac na capital paulista. Confira a lista de convidados - De São Paulo estão Eduardo de Almeida, João Carlos Cauduro e Ludovico Martino, Carlos Bratke, Benno Perelmutter e Marciel Peinado, Rosa Kliass, Décio Tozzi, Hector Vigliecca, Siegbert Zanettini e Joan Villà. Além deles participam Eduardo Índio da Costa, do Rio; Joel Campolina, de Minas Gerais; Campelo Costa, Nelson Serra e Neves e Aída Montenegro, do Ceará; Luiz Forte Neto, do Paraná; Vital Pessoa de Melo e Acácio Gil Borsoi, de Pernambuco; e Mário Aloisio, de Alagoas. "Há desde projetos sociais até alguns riquíssimos, de grande porte", diz o curador Gilberto Belleza sobre a heterogeneidade dos trabalhos dos arquitetos. Projetos sociais - Um dos trabalhos apresentados é o Cor em Heliópolis, de Ruy Ohtake, para a favela de Heliópolis, em São Paulo. "É um trabalho de melhoria, para mostrar que arquitetura não é somente para a elite", diz o outro curador da 6.ª Bia, Pedro Cury. Como diz o título, o projeto consistiu em pintar as fachadas de 278 casas da favela durante dez meses. Fotografias para entender a arquitetura Outra iniciativa para tornar a Bienal mais interessante foi incluir na exposição outras maneiras de se ver e mostrar a arquitetura e o tema do evento, Viver na Cidade. Uma delas é a fotografia de um mestre, Cristiano Mascaro. Ele exibe numa espécie de cubo branco, montado logo no primeiro piso, a mostra Brasil XYZ. Além de fotógrafo há cerca de 30 anos, Mascaro é arquiteto por formação e, dessa maneira, pode-se dizer que tem um olhar especial para o assunto. Em 2003 ele lançou uma importante obra, o livro O Patrimônio Construído - As 100 mais Belas Edificações do Brasil(Editora Capivara) que, como diz o título, apresenta construções que datam de desde o século 16. Como Mascaro definiu, "fazer fotos é contar histórias e reinventar cidades". 6.ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. Fundação Bienal. Av. Pedro Álvares Cabral s/n°, Pq. do Ibirapuera, portão 3, São Paulo, fone (011) 5574-5922. 12h/22h (6.ª a dom., a partir das 10h; fecha 2.ª). R$ 12 (grátis para crianças até 6 anos). Até 11/12. Abertura hoje(22)

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