06 de agosto de 2010 | 09h43
Inspirado no livro autobiográfico de William da Silva Lima, um dos principais articuladores da organização, "400 Contra 1" identifica, no presídio de Ilha Grande, o Caldeirão do Diabo, o nascedouro do CV. E mostra como a ocasião, literalmente, faz o ladrão: se os anos de chumbo não prevalecessem naquele momento e se o sistema carcerário brasileiro, de fato, reabilitasse os presos, talvez esse organismo criminoso nunca teria existido.
Na tela, William da Silva Lima é vivido pelo ator Daniel de Oliveira. Conhecido pela bandidagem como "professor", William é um assaltante de banco que, numa ação fracassada, é preso nos anos 1970. Entre seus comparsas, estão militantes políticos que se juntam ao bando para garantir o sustento.
Depois de capturados, um a um, são levados ao Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, onde deparam com uma situação incomum naquele verdadeiro inferno longe do continente. Lá, estão confinados também presos políticos que, em vez de serem cerrados em prisões especiais, são levados ao presídio. Esses militantes intelectualizados, chamados de pequena burguesia, se sentem humilhados e pedem para serem separados dos bandidos comuns. O tratamento diferenciado causa revolta.
Mesmo mantidos em alas distintas, presos políticos e comuns mantêm contatos esporádicos, porém suficientes para abastecer a bandidagem com literatura "subversiva" e técnicas de guerrilha. William, o mais perspicaz do grupo, se interessa por esse material. Aliado a isso, sua convivência com outros criminosos e com a lei do mais forte faz com que ele passe de bandido ambicioso à cabeça pensante de uma organização, que protagonizou grandes assaltos a bancos e deixou a polícia carioca em estado de alerta entre final dos anos 1970 e início dos 80. As informações são do Jornal da Tarde.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.