06 de abril de 2016 | 03h00
Cerca de 450 bancas de jornais, além de restaurantes, cinemas e teatros de São Paulo, receberam, na sexta-feira, dia 4 de abril de 1986, uma amostra do que seria o novo caderno cultura do Estado. Era o número zero (designação para exemplares experimentais) do Caderno 2, que começou a circular efetivamente no jornal no domingo, 6 de abril. O C2 chegava com uma tiragem de meio milhão de exemplares e disposto a promover uma revolução na imprensa brasileira, tanto no aspecto gráfico como no foco em cultura, artes, lazer e comportamento.
O C2 chegava com a missão de não apenas marcar a presença do Estado na cobertura cultural, como também o de trazer irreverência e leveza a um jornal secular notadamente austero, sério e moderado. Tal contraste marcou a campanha publicitária veiculada no rádio e na televisão, um comercial que unia um cantor da velha guarda, Lúcio Alves, com um então novato, Roger, do Ultraje a Rigor.
30 anos de 'Caderno 2': 'Nossa cultura passou por sol e chuva antes de chegar à tempestade'
Durante quase um minuto, o comercial mostra Lúcio sendo “perseguido” pela imagem de Roger, que aparece em todos os lugares e canta uma paródia do clássico Tereza da Praia, de Tom Jobim e Billy Blanco, e que foi gravado pelo próprio Lúcio.
Com uma equipe inicial de 35 profissionais, o Caderno 2 contava com cerca de 50 colaboradores, entre colunistas, críticos, cartunistas e ilustradores. No primeiro time, destacavam-se Henfil, que recheava as páginas do caderno com seus desenhos, Caio Fernando Abreu e Antonio Bivar, escritores que assumiram colunas semanais.
O C2 recuperava também uma prática que foi comum nos jornais brasileiros dos séculos 19 e 20 e notabilizou autores como Machado de Assis: a publicação de folhetins, ou seja, capítulos de um romance inédito que, depois de divulgado o último, seria publicado em livro. A estreia da seção foi assinada por Eustáquio Gomes, que divulgou a obra A Febre Amorosa.
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