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27.ª Bienal veta obra no Lago do Ibirapuera

Projeto do artista mexicano Héctor Zamora, convidado do evento, é considerado uma ameaça ecológica pela Secretaria do Verde

Por Agencia Estado
Atualização:

O artista mexicano Héctor Zamora teve vetada nesta terça-feira uma das obras que construía e pretendia mostrar na 27.ª Bienal de São Paulo, que será aberta de 7 de outubro a 17 de dezembro no Ibirapuera. Zamora, um dos 121 artistas convidados para a maior mostra de artes da América Latina, tem um trabalho elogiado no mundo todo. Inicialmente, ele pretendia fazer parte de sua obra na 27.ª Bienal no espaço externo do pavilhão da exposição - mais especificamente, no Lago do Ibirapuera. Já tinha montado até um canteiro de obras para dar a partida no seu projeto. No início, Zamora propôs a construção de ?ilhas? flutuantes montadas sobre balsas, estruturas soltas com 2 a 3 toneladas de terra. Mas a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) julgou a proposta perigosa - por colocar o lago em risco, no caso de naufrágio de uma das ilhas - e vetou. ?Nós não somos contra a expressão artística. A idéia até que era muito bonita. Mas ambientalmente, era inadmissível?, diz Renier Marcos Rotermund, diretor da Divisão de Manejo e Conservação dos Parques Municipais, órgão da SVMA. Aí, o artista tentou uma alternativa: resolveu substituir as estruturas por anéis flutuantes de tubos de PVC que circundariam outras ?ilhas?, dessa vez constituídas por aglomerações de aguapés. ?Fomos atrás de especialistas do Instituto de Botânica e da Unesp de Rio Claro?, diz Rotermund. ?Eles nos disseram: pelo amor de Deus, não façam isso!?. Segundo o diretor, os botânicos explicaram que o aguapé tem uma taxa de crescimento de 5% ao dia - ou seja: mais que duplica em um mês. Outros problemas: a vegetação serve de abrigo para o mosquito cúlex, que infesta a região, o que poderia tornar ainda maior sua proliferação. Também se presta à procriação de espécies de moluscos que são vetores de doenças. ?A gente não pode correr o risco de, no principal lago da principal cidade da América do Sul, deixar introduzir um desequilíbrio ambiental?. Rotermund diz que, no Parque Cidade de Toronto, já há um problema causado pelo excesso de aguapés. Em conversa com a SVMA, o artista Héctor Zamora considerou que a instalação de aguapés é ?conceitualmente fundamental? para o desenvolvimento da obra, porque esse tipo de planta tem uma função de agente despoluidor. É o cerne do trabalho de Zamora. Na mostra Arco, em Madri, no ano passado, ele construiu um conjunto habitacional inteiramente feito com caixas de papelão resgatadas do lixo noturno da cidade espanhola. Na mesma exposição, ele teve duas vezes seus projetos cancelados por medidas de segurança.

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