2.º colocado quer melar decisão do Salão de Humor

Maxx Figueiredo não levou o prêmio principal na categoria quadrinhos, em Piracicaba, mas um dos jurados revelou que o vencedor não apresentou um trabalho inédito, o que é contra o regulamento

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Por Agencia Estado
Atualização:

Nem só de boas risadas é feito o maior evento brasileiro de humor e artes gráficas. O Salão Internacional de Humor de Piracicaba - que começou no último dia 25 - vive hoje seus dias de polêmica. Este ano, em sua 28.ª edição, o salão assistiu no dia de sua abertura a uma reivindicação de um dos premiados digna de uma charge. O cartunista paulistano Maxx Figueiredo foi contemplado com o 2.º lugar na categoria quadrinhos. Até aí, só motivos para comemorar. Mas, logo após a divulgação do resultado, no início do mês passado, soube por meio de um dos jurados do salão que o trabalho premiado em primeiro lugar não era inédito. A obra é de autoria do pernambucano Christiano Mascaro e foi impressa em um fanzine do Recife, a revista Ragu. O regulamento do salão exige obras originais (trecho: "... mediante a remessa de trabalhos inéditos e originais (...). Entenda-se por inédito, os trabalhos que não foram publicados em qualquer tipo de periódico ou exibidos em exposições"). Regra que Maxx conhece bem. Em 1999, o cartunista venceu a categoria charge, mas foi desclassificado quando se descobriu que seu desenho havia sido publicado. Agora, vivendo a situação inversa, ele pede uma reparação. "Avisei a organização duas semanas antes da abertura, mas o Paulo Caruso (presidente do salão neste ano) disse que não podia fazer nada porque os premiados já tinham sido divulgados e o catálogo estava na gráfica", conta. E acrescenta: "Não sei como uma questão burocrática pode ser mais importante que o regulamento". Parecer - Paulo Caruso se defende explicando que esta é a primeira vez que o salão ganhou um catálogo com as obras em exposição. "Foi uma decisão minha, de não interferir no processo. Mas isso vai ser discutido, o caso deve ser reconsiderado", afirma. Caruso, no entanto, não deixa claro qual será sua decisão. "O regulamento é soberano. Vou enviar meu parecer sobre o caso esta semana para a organização para que ela decida. É possível que o primeiro lugar seja desclassificado, mas isso não eleva o segundo lugar ao seu posto", adianta. A organização no caso é a diretora do Centro Nacional de Humor, Maria Ivete Araújo, e o secretário de Cultura de Piracicaba, Heitor Gaudenci Júnior. "Isso é que eu não concordo. No esporte é notório: quando o primeiro lugar é desclassificado, os outros sobem", queixa-se Maxx. "Quando eu fui desclassificado em 1999, perdi o prêmio e meu trabalho deixou de aparecer no salão". De fato, no site do evento (www.salaodehumor.com.br), na categoria charge daquele ano não há menção ao seu desenho. "Penso até em entrar na Justiça por danos morais e materiais", afirma. Paulo Caruso também aproveita para desabafar: "A imprensa está dando o maior espaço para essa polêmica, mas não vi uma linha sobre os vários eventos paralelos do salão. Nem sobre a restauração histórica do mural do Ziraldo do Canecão do Rio, reproduzido inteiro em Piracicaba, falaram". Alheia à espera da decisão, a mostra principal do salão (tel.: 0xx19-421-3296) continua até outubro, com 251 trabalhos de 40 países, incluindo as duas obras "em litígio".

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