18 vezes Maitê Proença em "Achadas e Perdidas"

Ela adaptou seis de suas crônicas para o teatro, que ganharam o formato da peça que estréia na Sala Rubens Sverner do Teatro Cultura Artística

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Por Agencia Estado
Atualização:

Maitê Proença, atriz que se consagrou em novelas e tornou-se cronista de sucesso, revela mais uma faceta de sua inquietação ao também enveredar para a dramaturgia. Ela adaptou seis de suas crônicas para o teatro, que ganharam o formato da peça "Achadas e Perdidas", que estréia nesta sexta-feira na Sala Rubens Sverner do Teatro Cultura Artística, em São Paulo. São 18 papéis que Maitê interpreta ao lado da atriz Clarisse Derziê Luz. Juntas, elas fazem 25 trocas de figurino, além de 11 mudanças de cenários, intercaladas com diversas imagens projetadas em vídeo. "Achei que algumas histórias das crônicas se prestavam para o teatro", conta Maitê, que aproveitou os intervalos da novela ´A Lua me Disse´ e da filmagem do ainda inédito longa "Onde Andará Dulce Veiga", de Guilherme de Almeida Prado, para selecionar as crônicas que publicava na revista "Época". "Achadas e Perdidas" apresenta seis esquetes que falam sobre futebol, amor, morte, homens, mulheres e meninas. O que abre a montagem, "Quem Olha o Mar não Publica", foi inspirado em um caso vivido pela atriz. No palco, a platéia acompanha o drama de uma escritora, que sofre bloqueio criativo por estar rodeada de belezas naturais, o que estaria dispersando sua inspiração. O sucesso vem, na verdade, para a empregada, que vive num cubículo portanto, livre de ?más influências?, e escreve um best-seller chamado "Ódio". "Essa personagem não tem nada a ver comigo, mas a questão era minha", explica Maitê. "Eu não queria escrever crônicas para a revista, até que meu editor descobriu a bela vista que tenho do lugar onde escrevia e disse a frase que dá título ao esquete." A decisão de adaptar as próprias crônicas para o teatro veio de outro momento de inquietude aliado a um impasse. Maitê queria voltar ao teatro com uma comédia, mas não encontrou texto que lhe agradasse. "Tudo a que eu vinha assistindo tinha um gosto de déjà vu, pois descobri que as pessoas riam das mesmas coisas faz muito tempo." Como não dispunha de recursos para montar um texto estrangeiro ou mesmo um clássico, decidiu que levaria o próprio repertório para a cena. Daí surgiu o impasse: quem faria a adaptação? "Fiz três tentativas com conhecidos, mas não fiquei satisfeita: precisava de algo que tivesse um frescor, um toque de inteligência, além de ser engraçado." A solução foi convidar o amigo e dramaturgo Luís Carlos Góes, especializado em besteirol. "Minha intenção era captar o senso humorístico dele", conta Maitê, que adaptou três esquetes ao lado de Góes até se sentir confiante para continuar. O objetivo da atriz, agora também escritora e dramaturga era buscar ironia em momentos reflexivos. No esquete "Meninas", por exemplo, duas garotas aproveitam o velório da mãe de uma delas para filosofar sobre vida e morte. Já em "Amor da Minha Vida", duas mulheres despedem-se, na rodoviária, de sua paixão e travam conversa franca sobre relacionamento. O espetáculo termina com "Unhas do Inconsciente", talvez o momento mais denso e íntimo da peça. Após um dia comum de trabalho, uma mulher sofre ataque de pânico. "Cada um dos personagens traz um pouco de mim, embora nenhum seja realmente a minha pessoa", explica Maitê, aos 45 anos. Apesar de ser uma das novas participantes do programa "Saia Justa", Maitê ainda mantém uma relação de amor e ódio com a televisão. "A gente vê muita futricaiada na TV, sempre os mesmos assuntos, como plástica, roupa, grife, passarela", diz ela, que mantém contrato com a Globo, embora quase não apareça na tela. "Eles não me querem", gargalha. "A Maitê de hoje não é a Maitê que eles querem." "Saia Justa" seria uma alternativa? "Talvez, vamos ver. Mas me assusta um programa com muita mulher junta", rebate. "Ao mesmo tempo, pode ser um espaço para dizer algumas coisas. Tenho ainda muitas coisinhas para dizer, sabe?", piscando um dos belos olhos. Achadas e Perdidas. 75 min. 12 anos. Teatro Cultura Artística - Sala Rubens Sverner (333 lug.). R. Nestor Pestana, 196, 3258- 3616. 6.ª e sáb., 21 h; dom., 18 h. R$ 50 e R$ 60 (sáb.). Até 26/11

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