PUBLICIDADE

Zuzu Angel foi pioneira no uso do conceito de brasilidade

Utilizou materiais tipicamente brasileiros, como renda de algodão, misturados a materiais nobres, como seda pura; evocou temas regionais e folclóricos e abusou da chita

Por Agencia Estado
Atualização:

Hoje, quando desfiles de moda no Brasil adquirem status de Copa do Mundo, tamanha a mobilização em torno dos estilistas, o legado de Zuleika Angel Jones é lembrado como a pioneira a fazer uso do conceito de brasilidade. Zuzu foi a primeira estilista brasileira a entrar no mercado internacional, exportando a idéia da alegria e criatividade nacionais quando a referência em estilo era a cultura européia. Utilizou materiais tipicamente brasileiros, como renda de algodão, misturados a materiais nobres, como seda pura; evocou temas regionais e folclóricos e abusou da chita (hoje estampa hype em várias coleções). Também usou conchas, bambu e pedras brasileiras. Com isso, ganhou destaque em especial nos EUA, onde foi tema de editoriais de moda e teve seus looks expostos em grandes lojas de departamento. Vestiu estrelas como Kim Novak, Liza Minelli e Joan Crawford. Mineira de Curvelo (nasceu em 1923), Zuzu era modista e costurava para moças da família, antes de ir para o Rio, em 47. Nos anos 50, já era costureira profissional e, nos 70, reconhecida como estilista numa época em que a mulher podia costurar roupas, mas não criá-las. Com o sucesso, abriu a própria loja em Ipanema. Fez desfiles no exterior e criou a primeira coleção política da história da moda nacional, num esforço para recuperar o corpo do filho. Balas de canhão, pássaros engaiolados, anjos amordaçados e design bélico davam tom a seus looks. O anjo tornou-se símbolo da sua luta contra a tirania e homenagem ao filho desaparecido.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.